NOTÍCIAS DO IRMÃO RICO
Em tempos de pandemia procura-se saber notícias dos familiares.
Por mais distantes que eles estejam.
De irmão, então.
Outrora prestigiado, o programa Companheiros das Américas promovia irmandades entre estados americanos e brasileiros.
Por analogia geográfica ou pela lagostas do mesmo oceano, o Maine virou o Rio Grande do extremo norte.
Durante anos uma casa de madeira na Salgado Filho era ponto de encontro das duas culturas. E dos intercambistas.
Quando mudou-se, deu espaço e terreno para hotel homônimo e no último andar, restaurante com nome de capital. Augusta.
Com uma população de 1,3 milhões de habitantes, sem grandes adensamentos, a maior cidade, Portland, tem 70 mil.
De clima frio e não muito distante do epicentro da Covid-19, nosso estado irmão já conta 40 mortos.
Também governado por mulher.
Janet Mills, 72 anos, ex-procuradora-geral. Popular, de origem democrata.
Em 21 de abril, o Maine registrava 888 casos confirmados de COVID-19 e 36 mortes associadas ao vírus, de acordo com o Maine Center for Disease Control & Prevention.
Isso o torna 45º na lista de estados para a maioria dos casos de coronavírus nos EUA.
Dos 888 diagnosticados com o vírus, 139 pessoas do Maine foram hospitalizadas e outras 443 se recuperaram. Em 15 de abril, houve 14.076 testes negativos no estado.
Se testamos menos, temos outras semelhanças e diferenças
Centenas de pessoas protestaram em 20 de abril contra as restrições do governo estadual, de acordo com o Bangor Daily News.
Aqui, falam em milhares.
A governadora anunciou diretrizes para reabrir a economia.
Por enquanto, só a americana.
Mills estendeu o estado civil da proclamação de emergência até 15 de maio.
Quase igual, incluídas prorrogações.
A COVID-19 está se espalhando na Comunidade de Cuidados de Saúde e Aposentadoria de Tall Pines, em Belfast, Maine. Dez moradores e três funcionários testaram positivo para o vírus.
No Maine do Sul, o governo ainda não atuou nos lares geriátricos.
O estado está acelerando os aumentos salariais para os profissionais de cuidados pessoais – incluindo especialistas em suporte pessoal, auxiliares de saúde em casa, enfermeiros particulares e outros profissionais que cuidam dos residentes mais velhos do Maine em casa – e expandindo o acesso a refeições para os Mainers mais velhos, que estão em casa por causa do COVID-19, de acordo com uma declaração do governo do estado.
Lá.
Aqui, rumores de cortes salariais e ações exclusivamente hospitalocêntricas.
No item Hospital/Hotel de Campanha, o placar é 1X0 para os verde-amarelos.
A prefeitura de Portland, emitiu uma ordem de permanência em casa, exceto para pessoas que trabalham em organizações essenciais, incluindo supermercados, restaurantes, lojas de conveniência, farmácias e centros de saúde, informou o Portland Press Herald. Os Portlanders ainda podem sair para passear com os cães e se exercitar, mas a cidade pediu que fiquem a 1,8 metro de distância um do outro.
Aqui, o prefeito da capital, que tem tido a última palavra no assunto, é pela abertura. Menos lenta e gradual.
Mills, ordenou que os restaurantes do Maine fechassem o serviço de refeições e proibiu as pessoas de se reunir em grupos de mais de 10.
Em decretos, somos siameses.
A governadora também disse que estabelecimentos não essenciais, como academias, teatros, cassinos e shopping centers devem fechar, enquanto supermercados, hospitais, farmácias e outros negócios essenciais devem permanecer abertos.
“As coisas que todos nós tomamos por certo por muitos anos, nossos estilos de vida estão mudando por enquanto”, disse a governadora americana.”Mas vamos superar isso. As coisas vão melhorar.”
Poderia ser dito o mesmo pela brasileira, mais pessimista, cumprindo quarentena pessoal mais rígida.
O governo assinou uma conta de gastos de US $ 73 milhões num pacote para a expansão do seguro-desemprego e o fornecimento de dinheiro para as cidades e as escolas.
Aqui, essa parada é federal.
Tão distantes. Tão iguais. Tão diferentes
Irmãos de incertezas, fé e esperança.
Mas que comparação absurda