2 de maio de 2024
Medicina

NOVOS E CAROS COLEGAS

Lição de anatomia do Dr. van der Meer (1617) – Michiel Jansz van Mierevelt – Museu de Delft, Países Baixos


Os números da
  demografia médica divulgados pelo Conselho Federal de Medicina são motivo para reflexões.

O Brasil que já é o vice-campeão em número de escolas médicas, só perdendo para a Índia que ocupou também o lugar de país mais populoso do mundo, marcha célere para o topo do pódio.

Já somos quase três médicos por mil habitantes, e mesmo assim foram autorizadas quase uma centena de novas fábricas de galenos em série.

Natal deve ter ainda este ano, dois novos cursos privados com vagas que multiplicarão por quatro as públicas, gratuitas e de boa qualidade.

As escolas fronteiriças continuam a pleno, reciclando outros profissionais da área e produzindo doutores de fim-de-semana, sem o menor controle de qualidade, mas com um fortíssimo lobby parlamentar com o único argumento, que a fonte cubana secou.

Como será o mercado para os novos esculápios?

Será que os altíssimos investimentos na graduação voltarão na velocidades dos currículos apressados para divulgação, no Instagram, ou nas dancinhas do TikTok?

Os provectos facultativos continuarão necessários naqueles plantões mais suaves, ou serão arrastados para fora do mercado  pela avalanche hormonal que move os devedores do FIES?

Quando será aplicado  o primeiro exame de ordem médica?

É tempo de lembrar de um arremedo de crônica de viagem publicado nesta margem de Território Livre, há quatro anos.

LIÇÕES À BEIRA DO RIO

Não existe lugar certo.

Aprende-se em qualquer um.

E de qualquer jeito.

Até de pé-no-chão.

Mas aquele era  muito especial.

Na beira de um famosíssimo rio (que não é o Bujari), numa daquelas cidades que você nunca mais vai lembrar o nome, conheci um colega de especialidade médica.

Conversa daqui, conversa dalí, saí do breve encontro com um caçuá de pontos a refletir sobre o futuro da Medicina.

Norte-americano de ascendência hindu, o Dr. Sajal Dutta entre outras coisas revelou que um dos maiores problemas atuais da atividade médica é a longevidade dos facultativos.

Abrem-se poucas vagas para novos formados, se os esculápios insistem em fazer cirurgias até os setenta anos e mais. Cada vez mais anos.

Lá, a previdência é privada mesmo. Cada um faz a sua.

É bom aprender também sobre mercado financeiro.

A tecnologia substituirá o doutor.

Sua convicção é que a próxima geração de robôs cirúrgicos já consiga operar uma próstata sozinho.

Nosotros seremos meros programadores.

E é melhor ir logo aprendendo a jogar golfe.

É tudo que o colega do ‘primo mondo’  quer fazer depois que se aposentar aos 55.

Screenshot

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *