27 de abril de 2024
CoronavírusPolítica

O EFEITO OTTO-ALENCAR

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O que têm ocorrido nos embates das tardes das terças às quintas na arena do Senado, tem explicação na Psicologia.

Uma teoria, há mais de 20 anos circulando em ambientes acadêmicos,  entra agora em todos os cérebros e casas, nas ondas amigas dos noticiários de TV e nas discussões, nem sempre amistosas, dos grupos de relacionamento digital.

O  interesse em entender aspectos técnicos da maior crise sanitária, as restrições impostas e o instinto de sobrevivência, fizeram surgir especialistas em tudo que pode ser relacionado a contágios, contaminação, medidas protetivas e projeções da evolução dos números de atingidos.

Alguns disputam espaços com experts em economia e política.

São levados a dar opinião sobre absolutamente tudo, incluídas matérias que não constam dos seus currículos de provas e pomposos títulos.

As pessoas mais comuns perceberam como é fácil opinar sobre qualquer assunto, quando todos fazem o mesmo.

O importante é defender os pontos-de-vista e ideias próprias, com unhas, dentes, convicção e fé inabalável.

Se o censo do IBGE não houvesse sido, mais uma vez, adiado, teríamos a certeza que já somos mais epidemiologistas que técnicos de futebol.

O conhecimento é construído no pandemônio da overdose de informações, protociência, interesses inconfessados, desvios da verdade e fakenews, sob a  nova grade curricular do curso de sobrevivência da universidade da nova vida.

Os mesmos psicólogos que receberam o Prêmio igNobel em 2001 estão de volta ao centro das discussões, desta vez com plena aceitação do trabalho original:

Desqualificado e inconsciente: como as dificuldades em reconhecer a própria incompetência levam a uma autoavaliação inflada.

O laurel conferido pela revista de humor científico Anais das Pesquisas Improváveis, que reconhece e premia  as conquistas e trabalhos que primeiro fazem as pessoas rir e depois as fazem pensar, é a prova maior que a teoria constatada, há muito deixou de ser motivo de riso:

Quanto mais ignorante em um determinado assunto, mais confiante a pessoa pode se sentir ao opinar sobre ele.

O efeito Dunning-Kruger é que faz um indivíduo com pouco conhecimento sobre um tema, se convencer que sabe mais que os outros, mesmos os mais preparados.

São incapazes de reconhecer os próprios erros pela incompetência no auto-julgamento.

A superioridade ilusória demonstrada por detentores de cargos de prestígio chega a ofuscar os mais capacitados, permitindo que prevaleçam os impostores.

A CPI da Cloroquina parece um laboratório de demonstração prática, controlada, deste efeito.

Seu melhor exemplo é o Senador Otto-Alencar.

Afastado da cátedra e da prática médica há mais de 30 anos, tornou-se fonte de informação e referência para jornalistas que avaliam seu cabedal científico pela pergunta sobre a diferença entre protozoários e vírus e sua  capacidade de ler bula de vacina.

PS

A foto do outro senador bahiano entrou de gaiata neste textículo.

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