DESAFIO DE FÁTIMA

 

O ex-presidente Lula deu uma longa entrevista ao Jornal do Grande ABC.

E lançou um desafio, em forma de provocação, para a companheirada.

A deflagração desde agora da busca por um candidato a presidente.

Com exigências.

Que tenha mais de nove dedos nas mãos e alguns atributos particulares.

Nas origens da sua incubadora sindical e andajá da carreira política, foi generoso na revelação das estratégias que tem trabalhado para as próximas jogadas que o xadrez político está exigindo.

Ao fazer uma análise das possibilidades do seu partido para as eleições de 2022, para demonstrar que não é o único nome a ser apresentado ao eleitorado, traz uma novidade com potencial de inimagináveis mudanças na política potiguar.

A Governadora Fátima Bezerra está na seleta lista,  guardada no bolso do seu cós, dos que têm condições de enfrentar a disputa presidencial.

Além das menções ao aliado Flávio Dino ao ex, Ciro Gomes, enxerga o candidato derrotado Fernando Haddad, uma lembrança protocolar e simpática a quem já teve sua chance, e os governadores correligionários, todos os quatro, nordestinos.

Obediente e sempre confiante  na clarividência do guru-mor, a Governadora pode alterar a própria rota traçada.

Abandonaria a estreita estrada para a reeleição já percorrida (sem final feliz) pelos últimos quatro antecessores.

Oitenta e cinco anos depois, a Intentona Comunista finalmente seria alcançada, apagando de vez este parágrafo nebuloso da nossa história.

As qualidades que apresentou ao eleitor doméstico há dois anos, são suficientes para chacoalhar a militância e  conquistar os votos que estão se derramando por outras legendas de paletas de cores mais suaves.

Única mulher a conquistar um governo estadual na eleição passada, é o melhor nome que conta o partido para mostrar que uma presidenta pode dar certo.

E que é possível recomeçar tudo outra vez.

Professora, sua vida dedicada ao magistério haverá de ser a base para colocar a Educação no centro do debate dos grandes problemas nacionais.

E mais uma oportunidade para se falar muito em Fundeb.

Origem popular, a vacina para estancar a sangria dos beneficiários dos programas de substituição de renda, antes que troquem a adoração ao Padim Ciço e Frei Damião por um coiso qualquer.

Após tantas tormentas, quando os urubus agourentos já anunciam o fim do partido, nada como uma mulher-guerreira para representar o espírito de luta.

Não se pode duvidar de quem resistiu ao golpe e tem o que mostrar. Lutas e um caçuá de declarações curtas e contundentes.

O slogan da campanha já está pronto.

O mesmo grito de revolta na lembrança de todos, na boca do povo, vira ataque certeiro contra o que se quer combater.

Do desemprego a tudo mais que ao povão afligir, será golpeado. 

[som agudo]

O símbolo, o diadema.

Multicolorido, multiplicado e transformado em meme. Vai invadir o tik tok e as cabeças de mulheres, crianças e homens sem preconceitos, nos apliques digitais.

A onda Fátima é tudo que as esquerdas precisam para se unirem novamente.

As inesquecíveis imagens da ocupação da mesa do Senado e a vontade como foram as duras senhoras parlamentares para cima naquele espetinho de carne, ficaram na memória.

O marketing transforma tudo isso em garra e desejo sincero de acabar com o que está matando o povo. A fome.

No mais, é elaborar um robusto programa de governo.

Que pode ser importado, mais uma vez, do Piauí.

Lula não é bobo!