8 de maio de 2024
Política

O outro cara

Quando assumiu o terceiro mandato, o Presidente Lula esqueceu os problemas domésticos e promessas de campanha, numa longa lua de mel internacional, à procura do reconhecimento como um grande líder mundial, capaz de acabar com as guerras e quiçá, conquistar  o Prêmio Nobel da Paz.

Um ano depois, com a primeira-dama já cansada de tanto fazer as malas, o protagonismo nas relações da América do Sul com o resto do mundo foi assumido pela zebra argentina que nem se deu ao trabalho de fazer a protocolar visita ao vizinho mais rico. 

Davos foi o palco principal para Javier Milei mostrar que não é a figura bizarra de extremista da ultra-direita, pintada pela mídia tradicional brasileira.

Javier Milei expõe o problema do jet set de Davos

Hugo Gurgon para o Washington Examiner, em 22/01/2023

Quando o presidente argentino Javier Milei repreendeu os panjandrums (maiorais) no Fórum Econômico Mundial em Davos dias atrás, trouxe à mente uma passagem central do livro Hitch-22, de Christopher Hitchens, na qual o falecido escritor anglo-americano confrontava contradições entre seu socialismo, que já estava em frangalhos, e o liberalismo instintivo e humano.

A incandescência de Milei e Hitch ilumina como a Esquerda e a Direita evoluíram nas últimas duas décadas, tornando os Democratas e os Republicanos quase irreconhecíveis, lado a lado com o que eram no início do século XXI.

O líder argentino, ridicularizado como “extrema direita” e “semelhante a Trump”, confrontou os frequentadores de Davos que defendem cada vez mais formas de socialismo.

Rejeitam a liberdade económica e social – evito o termo marxista “capitalismo” – que tirou o mundo da pobreza apenas nos dois séculos mais recentes da história humana e enriqueceu especialmente as nações de onde provém a maioria dos participantes do fórum.

Milei destacou o ponto crucial de que os estados de hoje não precisam possuir os meios de produção “para controlar todos os aspectos da vida dos indivíduos. Com ferramentas como a impressão de dinheiro, dívida, subsídios, controle da taxa de juro, controle de preços e regulamentações para corrigir as chamadas falhas de mercado, eles podem controlar a vida e o destino de milhões de indivíduos.”

Terminou com um grito de guerra aos milhares de milhões de pessoas do mundo: “Não se rendam a uma classe política que só quer permanecer no poder e manter os seus privilégios. Vocês são heróis. Vocês são os criadores do período de prosperidade mais extraordinário que já vimos. … Muito obrigado. E viva a liberdade, carajo!

Nenhuma reunião internacional se compara a Davos na exposição da hipocrisia da classe dominante cega, que tenta minar o que vê como as perigosas vulgaridades da democracia e frustrar os menos afortunados nos seus esforços para acumular riqueza e conforto que o jet set privado toma para si. garantido.

Há quase meio século, em 1976, Hitchens visitou a Polônia comunista e lá conheceu intelectuais que mais tarde se tornaram membros ilustres do Solidariedade. Um deles, Adam Michnik, deixou de lado os rótulos ideológicos para esboçar a questão central da situação difícil dos polacos; “a verdadeira luta para nós”, disse ele, “é para que os cidadãos deixem de ser propriedade do Estado”.

Esse continua a ser o caso em todo o mundo, como Milei disse essencialmente. Hitchens observou: “Eu sabia, ao escrever e sublinhar, que a última frase era significativa, que suas implicações para todas as posições políticas eram enormes e que, para permanecer fiel ao princípio – mais uma vez, o princípio da anticonsistência consistente -totalitarismo – talvez seja necessário expor-se a contradições cada vez maiores.”

Estas contradições fraturaram os partidos políticos da América, levando-os a posições nas quais trocaram muitas posições políticas. A frase de Michnik “propriedade do Estado” é viciada pelo reconhecimento de Milei de que os Estados não têm de possuir os meios de produção e podem controlar a vida das pessoas comuns com regulamentos e outras ferramentas não democráticas à disposição de burocratas predominantemente de esquerda.

A linguagem da liberdade e da democracia já chegou naturalmente aos esquerdistas, e muitos ainda a falam com alguma fluência, mas o seu movimento tem vindo a demolir ambas há décadas.

Quer controlar a vida do público em todos os detalhes – o que eles acreditam, dizem e fazem – sejam os novos opressores estudantes e administradores da Ivy League (grupo de instituições de ensino superior de excelência nos Estados Unidos) que esmagam a dissidência, agências federais que exigem deferência da petroleira Chevron para tomadas de poder bizarras, ou o presidente Joe Biden roubando do futuro gerações, abrindo fronteiras a imigrantes ilegais indesejados provenientes de culturas estrangeiras hostis.

Há também autoritários à direita, nomeadamente o antigo (e talvez futuro) Presidente Donald Trump, que afirma poder pôr de lado a Constituição se assim o desejar e vê os inimigos estrangeiros como “pessoas muito boas”. Mas embora os seus apoiantes lhe dêem margem para isso e até valorizem a sua crueza, legiões de outros esperam que ele e o Partido Republicano os libertem da “classe política que só quer permanecer no poder e manter os seus privilégios” à custa de liberdade e soberania nacional.

One thought on “O outro cara

  • Maria das Graças de Menezes Venâncio

    Nem li todo. Sou anti-Lula e anti-PT por motivos pessoais. Faço uma diferença bem grande com o presidente da Argentina que não diz coisa com coisa. Em qualquer parte do mundo quem determina tudo é o capitalismo. No momento na sua fase da globalização. Por aqui alguns vivem na Idade Média porque dependem todos do Lula e sua saga desvairada.
    Cheguei ontem de JPessoa. Estrada razoável até a divisa. O Flat que fiquei cheio de crianças e muriçocas. Queria ter ido ao Mercado de Artesanato que resiste. Chego aqui e um vai encerrar suas atividades. No mais tentando resistir. Venci a Pandemia e continuo achando uma idiotice a briga desvairada. Agora que a UFRN percebeu que estamos se universidade pública. Tchau.

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