3 de maio de 2024
Política

O OUTRO LADO DA TERRA PLANA

Foto: Google


O respeitável professor de
Direito Judiciário Penal, intelectual, dono de invejada biblioteca, enveredou no mundo da política, foi deputado, mas ficou mais conhecido como astrônomo amador.

Desenvolveu a tese de uma outra lua, nunca vista, por estar em órbita por trás da mais próxima e maior.

Suas explicações publicadas repetidas vezes, quando começou a corrida espacial, esperava-se que os astronautas americanos pudessem esclarecer a dúvida já enraizada nas áridas terras potiguares.

Quando em 1968 a Apollo 8 atingiu a órbita do satélite e o circundou, parecia que o assunto tivesse ido para o espaço.                                    

Não foi bem o que aconteceu.

Por um pequeno esquecimento dos colegas astrofísicos da NASA, tão entretidos em fotografar o lado oculto do romântico satélite, não lembraram de olhar para o outro lado.

No país dos papagaios, terra de samba e rock ‘n’ roll, a mistura da astronomia com política já não inflamava as discussões, como se os defensores da teoria terraplanista tivessem ido  gravitar no universo dos medicamentos usados sem comprovação científica.

Apesar das explicações da jovem infectologista e musa fugaz da CPI da Cloroquina, continuou a apaixonada discussão, de que borda da terra plana, as boiadas  iriam pular.

Na fase mais virulenta da Pandemia, quando da contaminação do presidente da república, além das inevitáveis piadas escatológicas, a demonstração que a terra não é somente chata.

Ela também tem um outro lado.

E não são poucos os habitantes da face escondida  deste planeta chapado.

Não são poucos os que continuam acreditando que a facada que definiu a eleição de 2018, foi meticulosamente planejada, em cálculos milimétricos para que nenhum órgão vital fosse atingido, penetrada o suficiente para afastar a simulada vítima dos debates pré-eleitorais.

O executante, um doido varrido,  adestrado para iludir juntas psiquiátricas e manter o mistério sobre os motivos da agressão.

As complicações e agravos à saúde que se sucederam, coincidiram com momentos de baixa nos índices de popularidade e são contadas em número de procedimentos cirúrgicos que incluem até uma vasectomia pós-reversão.

Os cidadãos das terras planas de baixo, mantêm a convicção baseada no fato do ferimento pérfuro-cortante não ter deixado marcas de sangue nas roupas nem no calçadão da Halfeld, e na crença  que uma cirurgia para  um câncer pudesse ter começado na balbúrdia de uma passeata, passado pela Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora para terminar no Einstein.

Cada um com sua lua.

 

Foto: Antônio Scorza para a Associated Press


(Esta variante do texto original, publicado em 19/07/21, é uma nova cepa do textículo que sofreu mutações provocadas pelas mudanças na política brasileira)

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