O que esperar da entrevista de Lula ao Jornal Nacional
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) concede entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, nesta quinta-feira, 25, a partir das 20h30.
Para cientistas políticos ouvidos pelo Estadão, Lula tem a oportunidade de resgatar a memória de seu antigo governo como um contraponto à gestão do presidente Jair Bolsonaro (PL), e, caso consiga se afastar de temas polêmicos que envolvem gestões petistas como a corrupção, poderá também atrair um eleitorado que ainda mantém seu voto ligado a Ciro Gomes (PDT) ou a Simone Tebet (MDB).
Para o cientista político Marco Antônio Carvalho Teixeira, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o ex-presidente deve se apresentar de forma mais moderada.
“Ele deverá ponderar palavras, não vai falar que vai revogar reforma trabalhista para provocar atritos com o empresariado e certamente vai dizer que no governo dele vai conversar com todo mundo. O que de certa maneira ele tem como se diferenciar de Bolsonaro”, afirmou.
Professor de Ciência Política da Universidade Federal da Bahia, Cloves Oliveira destaca que se o ex-presidente quiser atrair o eleitor de Ciro ou de Tebet, precisará se afastar dos temas polêmicos. Os principais estão ligados aos escândalos de corrupção revelados no governo do PT, como o mensalão e a Operação Lava Jato.
Os cientistas ouvidos concordam que temas mais ligados à economia deverão ter mais impacto no eleitorado brasileiro.
Na entrevista com o chefe do Executivo, a audiência do Jornal Nacional foi a maior registrada no Painel Nacional de Televisão (PNT) desde o dia 25 de março de 2020. O noticiário registrou 33 pontos de audiência e 50% de participação na noite da segunda, o que significa que a metade dos domicílios brasileiros com televisores ligados estava sintonizada na TV Globo.
Os dados foram divulgados pela própria emissora na terça-feira, 23. No total, o JN de 22 de agosto foi assistido por 48,9 milhões de pessoas.
Do Estadão
DO TL
Por outro lado, na cúpula da campanha do PT o receio é que o ex-presidente Lula não tenha a calma e tranquilidade que seus antecessores tiveram sem protagonizar nenhum episódio de descontrole.
Mais do que os adversários, Lula tem mais a perder com uma possível “bola fora”, ou palavra fora do lugar. O que não tem sido incomum em seus discursos de campanha.