Pesquisa da FGV mostra que RN cresce na renda dos “mais ricos” pelo Agronegócio
De carona na expansão do agronegócio, os mais ricos dos estados onde o setor é mais forte tiveram o maior ganho de renda no país nos últimos anos.
No topo desse ranking, aparece o Mato Grosso do Sul, onde a renda do 0,01% mais rico saltou 131% acima da inflação, de 2017 a 2022, segundo levantamento do economista Sérgio Gobetti, publicado no Observatório de Política Fiscal da Fundação Getulio Vargas (FGV).
O Rio Grande do Norte é o primeiro estado do Nordeste a aparecer na pesquisa como representante real desse crescimento de renda no topo da pirâmide.
São mais mais de 150 contribuintes do setor com rendimento acima de 1 milhão de reais. Um aumento de 85% em relação ao período anterior.
Essas evidências, como assinalado na nota técnica anterior (link), indicam que a concentração de renda cresceu significativamente no período analisado, depois de uma década de relativa estabilidade da desigualdade.
E não se trata de qualquer aumento de concentração, mas de um aumento significativo, visto que a renda da base da pirâmide (95% na população adulta, na verdade) permaneceu semi-estagnada em termos reais, enquanto a dos mais ricos cresceu a ritmo chinês.
O fato de essas taxas de aumento da renda serem maiores nos estados onde o agro predomina não é mera coincidência, diz a nota técnica :
“Verificou-se no período analisado (2017-2022) um crescimento extraordinariamente alto da renda da atividade rural, principalmente nos estratos mais ricos, em que esse tipo de rendimento (isento de tributação na sua maior parte) cresceu acima de 220% (ou 140% em termos reais)”.