27 de abril de 2024
Opinião

Política entra no modo mineirice que não deve resistir ao veraneio

14c4eeb17f230c07f4ff5eaef166e383_349-770

Roda Viva – Tribuna do Norte – 27/10/21

A figura do político mineiro, muito lembrada em programas de humor, destacando de forma exagerada a cautela que caracteriza o personagem e a sua opção por “trabalhar em silêncio” parece estar materializada como padrão, nesse momento político, no nosso Rio Grande do Norte.

Nas Minas Gerais a discrição significava a própria sobrevivência diante de impostos escorchantes e da segurança de quem, pela própria atividade, era visto como quem lidava com grandes somas, e a discrição era um mandamento na luta diária.

Esse comportamento reservado foi, posteriormente, transportado para a atividade política.

E não apenas por quem veio das Gerais; dependendo da situação que estiver sendo vivida. Inclusive por quem não incorporou hábitos saudáveis como a discrição, a cautela e a preservação do silêncio, traduzidos num ditado bem nordestino: – “quem quer pegar a galinha, não diz xô”.

PAUTA IMPORTADA

Sem a definição do quadro majoritário, o momento atual no RN é importado. Começou com a fusão de dois partidos grandes (PSL-DEM) transformados em União Brasil de quem continua a trabalhar em silêncio na formação da nominata para Deputado Federal, começando com dois nomes novos: Paulinho Freire e Leonardo Rego e conversando com detentores de mandato, como o deputado Antônio Jácome.

As candidaturas majoritárias, muitas vezes, superam a estrutura partidária. Aqui, tem dois candidatos na pista, Fátima Bezerra, do PT (que ainda funciona no RN como se fosse um “partido de quadros”), mesmo tendo chegado ao Governo.

Embora, conste que Fátima está cuidando pessoalmente da nominata petista para Deputado Estadual, com o reforço de, pelo menos, cinco mulheres detentoras de mandato.

O outro é Carlos Eduardo, filiado ao PDT, partido que não está conseguindo se estruturar mais uma vez no Estado. A vez que isso ocorreu foi quando Wilma de Faria assumiu o seu controle. O partido cresceu com ela, e esvaziou-se quando ela buscou outra legenda e levou todo mundo consigo.

O PT é o único que funciona permanentemente e não trabalha com hipótese de fusões ou mesmo federações. Com seus quadros, chegou a comemorar dois Deputados Federais eleitos na última eleição. Mas Fernando Mineiro perdeu a cadeira, no tapetão, para Beto Rosado. Agora o partido, partido do governo, pode se programar para repetir os dois federais; ou até três.

NOVO CAMINHO

Esses artifícios, aparentemente, para salvar as pequenas legendas, terminou sendo adotada pelos grandes partidos. Além da fusão PSL-DEM, muitas outras estão no forno, no modo “mineiramente”.

O PMDB, que em termos locais havia feito a opção por ser pequeno, com a bancada de um único Deputado Federal (para a reeleição do seu presidente, Walter Alves), conversa em termos nacionais com outras legendas, como o Cidadania e PSDB, entre outros.

Mas não dá para acompanhar os entendimentos que estão sendo processados sem os meios de comunicação conseguindo cobrir o que acontece pela impossibilidade de classificar o que é “fake” ou “fato”.

O jeito é ficar atento. Quando tudo indicava que o quadro estaria definido no início deste mês, um ano antes da próxima eleição, com a conclusão das mudanças da legislação, essas alternativas que embaralharam tudo nem se discutia no mês passado. Agora começam a mudar todo o quadro partidário.

EXEMPLO DE CONFUSÃO

Com dois norte-rio-grandenses no Ministério do Presidente Bolsonaro, a confusão político-partidário começa por ai mesmo. Sem o presidente dizer qual é o seu partido seus ministros não podem fazer a própria definição, embora ambos estejam colocando os seus nomes para o Senado.

Fábio Faria disputou a última eleição pelo PSD, mas esse partido, que fez parte da base de apoio do Governo, virou oposição obrigando Fábio a buscar outra legenda, começando pelo PP, do senador Ciro Nogueira, aqui comandado pela família Rosado.

Rogério Marinho estava no PSDB na última eleição e não conseguiu se eleger, quando chegou ao governo, formando na equipe do ministro Paulo Guedes, desfiliou-se, por via das dúvidas. E ainda não se definiu.

Até o general Eliezer Girão, que foi Secretário de Segurança do Estado e da Prefeitura de Mossoró, sem nunca ter trazido a família para morar no RN, elegeu-se Deputado Federal pelo PSL, nas águas de Bolsonaro.

Ele já avisou que não vai para o União Brasil. É outro que espera uma sinalização do alto para continuar no partido de Bolsonaro.

FAÇAM SUAS APOSTAS

Antes de definirem o partido, aqui no Estado só existe um grupo fechado com um candidato, é o PT com Lula.

Assim como Fátima Bezerra, Jean Paul Prates e todos os outros petistas que podem ser candidatos, além de candidatos de outros partidos que sonham num acordo em nível estadual.

Bolsonaro conta com o pessoal de direita. Com mandato, se pronunciaram até aqui, o general Girão e o coronel Azevedo que migrou para o PSC, quando este tinha o então Governador do Rio, Wilson Witzel, como candidato a Presidente, o primeiro a visitar o RN (foto).

WW foi afastado pela Assembleia Legislativa e por aqui não se falou mais em PSC, que continua com seu Presidente acional, o pastor Everaldo, enrolado com a Justiça.

O PDT continua com o cearense Ciro Gomes candidato a Presidente como em 2018, quando contou com o apoio de Carlos Eduardo, que continua se colocando como candidato “a Governador ou Senador”, mas não fala em candidato a Presidente.

Até porque existe a possibilidade remota de uma aliança com Fátima Bezerra. – E Lula, naturalmente.

Por aqui dá pra ver que vamos ter um veraneio animado, depois da pandemia.

Tem muito alpendre, nos 400 Km desde Baia Formosa a Tibau , com um marzão pela frente capaz de vencer qualquer mineirice. Sobretudo de quem não é das Gerais.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *