6 de maio de 2024
Política

PT perdeu mas Lula ganhou com Ilan presidente do BID

Roda Viva – Tribuna do Norte – 23/11/22

Vivendo um a fase de boatos inconsistentes, sobretudo a partir de setores do pequeno agronegócio, aqui no RN, o Governo Lula livrou-se de contabilizar uma desastrada ação efetiva marcando o início da política externa, no seu terceiro governo, com o envio de um e-mail à secretária do Tesouro americana, Janet Yellen, firmado por Guido Mantega, integrante da comissão de transição, solicitando o adiamento da eleição para Presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento, por um período de 45 a 60 dias.

Motivo: a candidatura apresentada pelo Brasil, de Ilan Goldfajn, “foi um ato do Governo Jair Bolsonaro, derrotado nas urnas”. A eleição do BID foi mantida e Goldfajn foi eleito em primeiro turno, no último domingo, com votos que representam mais de 80% do capital do banco. Ele se torna o primeiro brasileiro ocupar a presidência do BID, sediado em Washington, para um mandato de cinco anos, com possibilidade de uma reeleição.

Guido Mantega foi desautorizado pelo Tribunal de Contas da União a integrar a comissão de transição, por crimes praticados quando Ministro da Fazenda, tentou ficar como “voluntário”, sem nada receber, mas acabou pedindo para sair e assistiu de longe o desfecho da lambança que protagonizou.

BID E BRASIL AFINADOS

O novo Presidente do BID, no processo seletivo, apresentou um programa próximo ao que tem sido defendido pelo presidente Lula, priorizando o combate à fome, promover a colaboração entre países, fomentar o crescimento com inclusão social, diversidade e preservação ambiental.

Fundado há 63 anos, o BID, é considerado o maior e mais antigo organismo financeiro multilateral do mundo e financia projetos de desenvolvimento econômico, social e institucional da América Latina e no Caribe, contando com 48 países membros.

Atualmente, o BID é financiador do maior projeto realizado no Governo do Estado, o “Governo Cidadão”, iniciado pela governadora Rosalba Ciarlini, mantido – e ampliado – por Fátima Bezerra com ações em todo o Estado. Em novembro de 2022 estavam previstos quase U$ 30 bilhões (ou R$ 160 milhões) para seus projetos no Brasil no próximo exercício.

PRIMEIRA VEZ

Antes do nome de Ilan Goldfajn, outros brasileiros chegaram a ser colocados nas conversas preliminares para disputar o posto:  Marcos Tryojo (atual diretor do banco dos BRICS),  Carlos Costa (ex-BNDES) , Rodrigo Xavier e Martha Seillier (ex-secretária do programa de Parcerias e Investimentos).

A queimação do candidato do Brasil não pode ser debitada, apenas, a Guido Mantega. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, disse, endossando suas palavras, que o BID deveria adiar as eleições para a presidência da instituição, marcada e confirmada para o último domingo, a fim que o governo eleito de Luiz Inácio Lula da Silva pudesse apresentar um novo nome para concorrer à vaga. “Nós não adiantamos (nenhum nome de candidato), mas eu acharia de bom tom eles adiarem. Nós temos um governo que foi eleito agora. Não tem por que não esperar a posse do governo para poder fazer a indicação”, comentou Gleisi, ao ser questionada sobre o assunto.

O Brasil tinha tido oportunidade de apresentar candidato a Presidente do BID em 2022, mas desistiu para atender a um indicado de Donald Trump, Presidente dos Estados Unidos, pleito atendido por Bolsonaro.

CARREIRA DE ECONOMISTA

Presidente do Banco Central do Brasil entre 2016 e 2019 (Governo Temer), Goldfajn, tem 56 anos, atualmente ocupa o cargo do de “Diretor do Hemisfério Ocidental do FMI”, cargo do qual se licenciou para disputar a eleição do BID.

Nascido em Israel, filho de brasileiros, mas criado no Rio, é formado em Economia na Universidade Federal do Rio de Janeiro, com doutorado pelo MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), tornou-se um dos mais respeitáveis economistas brasileiros.

No capital do BID, Estados Unidos, Brasil e Argentina tem a maior parte das ações (30% para o primeiro, 11.4% para cada um dos dois últimos).

O Ministério da Economia celebrou a eleição do brasileiro lembrando que a vitória foi conquistada numa campanha por ele desenvolvida: “O candidato alcançou ampla maioria superando os critérios de capital votante do Banco e apoio regional, permitindo que a eleição fosse concluída na primeira rodada”.

GANHOS E PERDAS

O coordenador da equipe de transição, Geraldo Alkmin, parabenizou o eleito: “Pela primeira vez o BID terá um brasileiro no seu comando. Parabenizo o novo presidente Ilan Goldfajn pela vitória, em nome do presidente Lula, reforço a posição do Brasil em estreitar os lanços com o banco pelo desenvolvimento econômico e social da nossa região”.

Um bom remendo para o Governo Lula, que demonstra não ter compromisso com o erro, mesmo recomendado pelo seu partido e faz renascer esperança de que ainda é possível pensar num governo de união nacional.

Lula já saiu ganhado por não ter de botar um petista desvairado na presidência do nosso Banco Central, ocupada ´por Roberto Campos, neto do inesquecível Bob Fields, no exercício de mandato no BC autônomo.

O velho PT, maior protagonista do Lava a Jato, foi derrotado fazendo renascer a esperança de que o Lula da campanha não desapareceu, nem o bom senso demonstrado na busca das melhores alternativas para o Brasil num momento decisivo da sua história e a possibilidade de uma frente materializada no apoio de dez partidos do segundo turno, mais a senadora Simone Tebet, os vencedores da mais disputada eleição para Presidente do Brasil.

 

 

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