Quem não estaria eleito deputado federal com Distritão?
O distritão, sistema em debate na reforma política que tramita na Câmara, teria favorecido a eleição de deputados federais homens, brancos, de meia-idade e com mais recursos e bagagem política caso estivesse em vigor em 2018.
A constatação foi feita pelo GLOBO a partir de levantamento com base em uma ferramenta, criada pelo movimento de renovação política RenovaBR, que simula os resultados da última disputa por cadeiras na Câmara e nas assembleias legislativas caso os mais votados em cada estado fossem eleitos, como prevê o distritão, sem levar em consideração quociente partidário e votos de legenda, como ocorre no sistema proporcional em vigor.
Segundo o levantamento do GLOBO, que considera o “perfil médio” dos deputados eleitos em 2018 de acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com o distritão subiria de 63 para 78, uma variação de 24%, o número de parlamentares do sexo masculino e que se declaram brancos, acima de 55 anos, que já estavam no exercício do mandato e gastaram mais de R$ 500 mil para se reelegerem.
Para especialistas, esta simulação sugere que o distritão dificulta a renovação e o aumento da diversidade no Legislativo, por favorecer nomes mais conhecidos e máquinas partidárias mais robustas.
TL COMENTA
A ideia não é nova, mas nunca reuniu tanto apoio no Congresso.
O modelo substitui o sistema proporcional pelo majoritário, que considera apenas os nomes mais votados – fragilizando partidos e a renovação nos mandatos. Para cientistas políticos, trata-se do “pior sistema”.
O lado positivo do Distritão seria priorizar o candidato “com mais voto” e não o que articulou a “melhor coligação”.
O novo sistema, por exemplo, deixaria o deputado eleito Fábio Faria(PSD) com 70.350 fora do pódio de 2018.
E evitaria o imbroglio envolvendo o então candidato Fernando Mineiro (PT) , com 98.070 votos, e Beto Rosado (PP) eleito com 71.092. A coligação de Beto obteve mais votos e deixou Mineiro – o terceiro mais votado – fora da Câmara.
Significa dizer que os puxadores de voto do partido estariam com a vida mais tranquila na disputa de 2022. Há quem defenda por ser mais justo, tratando uma eleição proporcional com o raciocínio de majoritária.