27 de abril de 2024
Política

REFOGADO DE LULA

Lula & Janja  – Foto: Ricardo Stuckert

Há um ano, foi registrada neste recanto de território, uma visita do político que mais votos recebeu dos potiguares em toda a história republicana.

Já havia se passado uma gestação de nove meses desde que um supremo doulo (palavra não dicionarizada, por preconceito de gênero) fez o jurídico parto em Curitiba.

Quem esperava uma reedição apoteótica das Caravanas da Cidadania, rasgando os sertões nordestinos, ficou frustrado.

Daquela vez, a lenda não procurou ir onde o povo estava.

Com programação reservada, o roteiro não permitiu aglomerações. Não se ouviram salves e vivas, muito menos gritos de protestos. Nem ovos de insultos, atirados.

Entre muitos, os escolhidos foram as elites.

Artísticas e políticas.

Faltou gente, e a emoção só desabrochou no encontro com o compositor Hilton Acioli, autor do jingle Lula lá,  que marcou a campanha na eleição de 1989, e virou hino do partido:

Se vocês começam a brincar de mexer com as minhas emoções, é possível que não tenham candidato.

Como as recomendações do Senador Pinheiro Machado ao seu cocheiro, Lula sabia que podia ter obstáculos legais no caminho, e que não era chegada ainda a hora de enfrentar multidões.

Nem tão devagar que pareça afronta, nem tão depressa que pareça medo.

Era tempo de conversa.

No festival político-gastronômico de dois dias, deixou elaborado o cardápio, e escolhido os ingredientes para a eleição que parecia ainda distante.

O segredo do chef visitante para uma vitória mais tranquila, era  repetir a receita de sabor agridoce.

Sacuda a militância nas suas giroflexes, misture com uma oligarquia boa de votos e peça à governadora para mexer um pouco pra direita.

Aos adversários,  só restou comparar a invejada forma física do setentão – em foto de noivos apaixonados – com as pesquisas que começavam a  ser divulgadas.

Nem tudo era astúcia de photoshop.

Viajante Sobre o Mar de Névoa (1818) – Caspar David Friedrich – Galeria de Arte de Hamburgo

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