REVISÃO DE ESTUDO DUPLO PARA CEGOS
Nos milagres atribuídos a Nossa Senhora das Eleições só acredita quem alcança a graça da vitória.
Trump perdeu no colégio eleitoral e no voto popular mas deu trabalho para soltar o rosário.
Imagine quem viu o triunfo fugir entre cinco votos.
Depois de refazer muitas vezes as contas, nunca haverá de esquecer dos correligionários viageiros.
Passados três anos, os abalizados cientistas políticos, comentaristas isentões, simpatizantes e pitaqueiros são unânimes em reconhecer que na eleição da pandemia, ganhou a velha política.
A nova havia morrido na véspera.
O modelo prometido, com expectativa de vida longa, não tinha mais serventia.
Estavam na onda dernier cri as mesmas roupas de sempre, ditadas por quem determina como serão as tendências.
O Centrão da moda.
Não foi esta a única contribuição do coronavirus para a democracia.
Como ninguém estava mesmo entrando em acordo sobre a imunização de rebanho, foi entregue de bandeja aos cientistas, o maior estudo já feito em todo o mundo a respeito da mais estudada doença de todos os tempos.
Os dados disponibilizados fizeram parte de um estudo clínico com dupla ocultação.
Randomizado e prospectivo.
Com populações parecidas os estados da Paraíba do Norte e do Rio Grande Sem Sorte tiveram campanhas eleitorais diferentes.
Os tribunais eleitorais divergiram e variaram na dose de liberação das aglomerações populares.
Os dados coletados incluíram o período pós-eleitoral reservado à zoação e regozijo, até a volta da calma e tranquilidade que o método científico exige.
No curso da segunda onda de contaminação, um grupo liberou geral; o outro não fez comícios nem passeatas.
Algumas observações iniciais não passaram despercebidas pelos investigadores.
Os que aglomeraram formaram o contingente que mais contribuição deu para o repertório das disputas partidárias e acirramento de ânimos.
Carreatas transformadas em desfiles de carros alegóricos, consolidação do hit’ o homem (mas pode ser a mulher) disparou’ e a grande novidade das lambadas-denúncias.
A falta de respostas em ritmo progressivo, conferiu fama só a Paulo Barreto, o candidato derrotado.
O eleito, continua com o passado duvidoso no anonimato.
A campanha alegre e multicolorida elegeu a primeira vereadora transgênica no estado onde o voto feminino foi pioneiro.
Se os comitês científicos sobreviverem, baseados nas comparações dos boletins de urnas e das curvas de contágio e taxas de transmissão, os juízes eleitorais poderão elaborar decretos de lockdown mais precisos.
A conclusão do estudo foi que a trégua na guerra da pandemia para a guerra partidária acabou comprovando que vitoriosos e derrotados sempre comungam do mesmo pensamento e máxima do Dr. Ulysses Guimarães.
“Sou louco pelo poder, seduzido pelo poder e é para isso que eu vivo.”