6 de maio de 2024
Opinião

RN tem dois ministros pela primeira vez. O que esperar?

th

Cassiano Arruda Câmara – Tribuna do Norte – 17/06/20

Nunca, antes, na história desse país, o nosso pequeno e pobre Rio Grande do Norte, contou com dois Ministros de Estado, simultaneamente, numa equipe governamental.

Destaque-se que isso ocorre num Governo que há um ano, não contava com um único Ministro de todo o Nordeste, com uma população de 56 milhões de habitantes, em nove Estados, ou, um quarto da população brasileira.

Hoje, com a posse do deputado Fábio Faria, como Ministro das Comunicações, o Nordeste passa a contar com dois Ministros.
O outro Ministro é o, também norte-rio-grandense, Rogério Marinho, da pasta de Desenvolvimento Regional.

Do ponto de vista demográfico, com uma população de pouco mais de três milhões de habitantes, o RN representa, segundo o IBGE, 1.7% da população brasileira.

Nem mesmo no breve período que teve um Presidente da República (Café Filho) em 1954/1955, o RN contou com mais de um Ministro, e o então Presidente justificava dizendo “não sou Presidente do Rio Grande do Norte, sou Presidente do Brasil”.

Infelizmente, desta época não são encontrados hoje em dia marcos da ocupação da Presidência da República por um natalense do bairro das Rocas.

DOIS MINISTÉRIOS

O Ministério de Desenvolvimento Regional é o terceiro orçamento da administração federal, inferior, apenas, ao Ministério da Saúde e o Ministério da Educação. Nominalmente, aparece no orçamento de 2020 com dotações da ordem de R$ 33 bilhões. E obras em mais de cinco mil municípios em todo o Brasil.

O recém criado (ou recriado) Ministério das Comunicações, desmembrado do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, comandado pelo primeiro astronauta brasileiro, Marcos Pontes (que continua ministro), fica com mais tempo para cuidar da ciência e da tecnologia.

Fora necessidades da conjuntura política o novo ministério se justifica pela carência que o Governo Bolsonaro está sofrendo na área da comunicação social.

O orçamento do Ministério das Comunicações é de R$ 2,3 bilhões e seu campo de ação vai da formulação e distribuição da comunicação institucional do Governo até a adoção do sistema 5-G, a última geração tecnológica, na telefonia celular.

MESMO PERFIL

Mesmo no time da cabeça preta, referido para definir a faixa etária dos políticos mais jovens em Brasília, Rogério Marinho e Fábio Faria, não podem ser apontados como representantes da “nova política”, legenda absorvida pelo Governo Bolsonaro.

Aos 43 anos de idade, Fábio já está no seu quarto mandato de Deputado Federal, seguindo o caminho que lhe foi aberto pelo pai, Robinson Faria, como Presidente da Assembleia e Governador do Estado, quanto Fabio teve uma presença discreta, mas não menos influente.

O avô do ministro, Osmundo Faria, disputou o Governo do Estado em 1974, quando a escolha era feita pelos comandantes militares.

Consta que Osmundo chegou a ser escolhido, mas sua candidatura não resistiu a morte do seu padrinho, o general Dale Coutinho. Além disso, o ministro agregou aos seus ativos o peso do dono do SBT, Silvio Santos, seu sogro.

Rogério é neto do deputado Djalma Marinho, adversário de Aluízio Alves na eleição de 1960; mas, além do nome, não recebeu nenhuma herança.

Seu caminho na política foi ele mesmo que abriu, começando ao lado da prefeita (depois governadora) Wilma de Faria, no PSB.

IDEOLOGIA, UMA PRA VIVER

O perfil ideológico dos dois ministros é muito semelhante. Agora que a política brasileira está usando o nome verdadeiro para indicar posições, ambos podem ser definidos como políticos de direita.

Pelo menos são fustigados pela esquerda; Rogério muito mais.

Marinho, na Câmara Federal, enfrentou a esquerda na discussão das questões da educação, defendendo posições nítidas, como a “escola sem partido”. Chegou ao Governo como integrante da equipe do ministro Paulo Guedes, da Economia, depois de não conseguir renovar seu mandato, sendo encarregado de comandar a aprovação da Reforma Previdenciária, na Câmara.

Fábio andou querendo se aproximar do lulopetismo na campanha eleitoral de 2014, tendo trabalhado para o ex-presidente Lula gravar um programa apoiando o pai, além de ter construído acesso a presidente Dilma Roussef; para depois chegar ao bolsonarismo através dos filhos do capitão. Depois de escolhido ministro, algumas fotos com Lula e Dilma dessa época apareceram na mídia, para gerar constrangimentos.

O QUE O RN GANHA? 

E o que o RN o que pode ganhar com seus dois ministros no “mesão” presidencial? Ocupantes de cargos análogos sofreram com “escândalos” no noticiário, quando conseguiram favorecer os seus estados (pequenos).

Rogério Marinho é o terceiro norteriograndense a ocupar o Ministério do Desenvolvimento Regional nos últimos 20 anos. Antes dele, Aluízio Alves e Fernando Bezerra ocuparam o posto. Marinho pode estar enfrentando um problema diferente dos antecessores. Conseguindo liberar recursos para a maior obra federal no RN, a Barragem de Oiticica, depois veio a saber que a obra não seria retomada pelo Governo do Estado “por causa do coronavírus”.

Depois, prevaleceu o bom senso e a obra recomeçou com os R$ 80 milhões que ele liberou, para Oiticica ser concluída até dezembro.

Faria assumiu –nas redes sociais – a condição do político que faz oposição a governadora Fátima Bezerra, com quem havia dividido o palanque quando ela se elegeu Senadora e Robinson, governador.

O exemplo de Café Filho serve para os dois. Depois de Presidente, Café, um líder popular, acusado de “não ter feito nada por sua terra”, não recebeu mais um só voto de seus conterrâneos…

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *