2 de maio de 2024
Opinião

Roleta eleitoral espera pela Lei de coligações

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Cassiano Arruda Câmara – Tribuna do Norte – 070721

Faltando só um ano para a início da temporada de realização das convenções partidárias que vão escolher os candidatos a Governador do Estado, a governadora Fátima Bezerra ainda não sabe quem será o seu adversário na luta pela reeleição. Continua sozinha na pista.

A tradição na política é que as campanhas políticas no RN sejam feitas em torno de um nome capaz de aglutinar os correligionários e atrair o chamado eleitorado flutuante, que – no fim  – pode decidir a eleição.

Fátima representa  político de um partido, o Partido dos Trabalhadores, que sempre foi apresentado antes do seu próprio nome.

Isso, numa história de mais de 30 anos, enquanto ela foi construindo sua carreira, com vitórias e derrotadas (quase todas consciente de que a candidatura era um sacrifício para o fortalecimento do partido).

Em todas elas, vitórias e derrotas, colocou a marca PT antes do seu nome, até ele conquistar a posição atual, de “Partido do Governo”, graças ao resultado da última campanha de Fátima. E, conquistar, a condição de “partido mais forte” no nosso RN.

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CAMPANHA SEM VOTO

Nem mesmo quando os governadores não eram votados, durante os mais de 20 anos do regime militar, quando três foram escolhidos por uma entidade superior, o Alto Comando. Nem estes, “tiveram de se abster de participar de uma campanha”.

O primeiro escolhido, nas ante-salas do IV Exército, no Recife, teve um forte adversário, Dix-huit.

Foi Cortez Pereira que desfrutava de uma situação invejável no colégio dos coronéis. E consta que um exemplar do jornal da família Rosado, da edição de 1º de Abril de 1964, defendendo Jango, lida pelo pessoal do IV Exército, liquidou a candidatura de Dix-huit.

Com o segundo dos biônicos, Tarcísio Maia foi diferente. O processo de escolha teve um simulacro de democracia. A presença em Natal do senador piauiense Petrônio Portela, Presidente da ARENA (o partido que dava suporte político ao governo), que levou daqui uma lista de seis nomes. E nenhum deles foi escolhido.

A campanha foi de denúncias entre os concorrentes, e todos se queimaram.

O assunto terminou nas mãos do general Golberi do Couto e Silva, ideólogo do regime, que era Chefe da Casa Civil, do presidente Geisel.

No meio de tanta arenga, Golberí apresentou um sétimo nome (que nem foi lembrado na formação da lista sêxtupla), e terminou escolhido e aceito por todos; afinal não tinha disputado com ninguém. Tarcísio Maia há dez anos ausente do Estado, morava no Rio de Janeiro.

O terceiro, Lavoisier Maia, Secretário da Saúde, teve a escolha com Tarcísio comandando o processo no Estado e Golberi, em Brasília. Além disso Lavô desobstruía a chapa de deputados federais. Não deu outra.

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O VOTO QUE VOGA

O retorno da eleição direta, encontrou um candidato lançado há 12 nos, o ex-governador Aluízio Alves estava lançado para disputar a eleição de 1970, mas o Ato Institucional Nº 2, que havia extinguido os partidos políticos e também acabou com as eleições diretas para Presidente e Governador.

Prefeito continuava pelo voto direto, menos nas capitais.

Aluízio era tido, aqui e no Brasil como imbatível, mas não, ao voto vinculado (o eleitor era obrigado a votar nos Deputados do partido que votasse para Governador), e a Arena/PDS tinha nos seus quadros, praticamente as casas legislativas completas.

Além disso, apareceu um Prefeito (nomeado) de Natal que realizou uma administração para entrar na história;  O engenheiro José Agripino Maia. Filho de Tarcísio, primo de Lavoisier, o terceiro Maia que Eça de Queiroz não contemplou na sua obra.

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BIPARTIDARISMO DE FATO

Essa eleição definiu um tipo de bipartidarismo de fato, entre PFL/PDS (sucessor da Arena) e MDB (partido que abrigou os filhos dos cassados da família Alves). Depois esse modelo de bipartidarismo se elasteceu para uma disputa entre Alves e Maia.

Geraldo Melo (MDB) sucedeu Agripino, que voltou ao Governo quatro anos depois. Ai veio Garibaldi Filho, Vilma (que deixou de ser Maia, quando acabou o casamento com Lavoisier).

Rosalba (apoiada por Agripino), e Robinson Faria – sem os velhos cacique, mas com o maior eleitor de todos naquela eleição; Lula . Quatro anos depois, com a força do Governo, perdeu para Fátima Bezerra (com Lula preso) e Carlos Eduardo ainda no primeiro turno.

A bipolaridade começava a se acabar no RN, que desde 2014 tinha os seus oito Deputados Federais distribuídos por oito partidos distintos.

É a maior prova da inexistência de partidos, assim como de grandes lideranças no RN, como acontecia no passado.

Mas, até agora, sem compromisso com a legenda, os partidos se tornaram uma espécie de barriga de aluguel, que cuidam dos seus candidatos até o nascimento, com a abertura das urnas.

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A FORÇA DA LEI

Desde a Constituição de 1988 que as ajustagens e mudanças na política potiguar aconteceram, apenas, obedecendo a influências locais.

Agora, a explicação da indefinição da maioria dos detentores de mandatos do RN, se deve a uma mudança na legislação aprovada com a antecedência de uma eleição. É a quer proíbe a realização de coligações partidárias nas eleições proporcionais.

Na verdade, o RN já havia implantado, há duas eleições, um tipo de Distritão – Papa Jerimun, do mesmo jeito que alguns dos integrantes do Centrão pretendem criar, numa virada de mesa, nos próximos 90 dias, para matar a mudança antes da implantação.

Sem saber como vai ser a eleição, os acordos e acertos, mesmo definidos, não estão sendo formalizados, nem divulgados.

Já foi dito que aqui tinha “alguém por quem se espera. Alguém que se chama Esperança”. – Agora se espera pela lei que impede ou autoriza coligações.

Sem saber como ficarão as chapas de Deputados (federais e estaduais) não dá para jogar no pleno (numa linguagem de jogo de roleta). O jeito é esperar até a última hora.

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