“Taxa de Risco” é a justificativa para o RN receber menos vacinas?
A polêmica sobre a possibilidade do Rio Grande do Norte receber menos vacinas proporcionalmente do que outros estados continua.
E setores do Governo afirmam que não houve omissão da Governadora Fátima Bezerra (PT), que questionou o fato desde as primeiras distribuições.
Sim, não dividiu a “injustiça” com outros setores, incluindo a Bancada Federal Potiguar, Ministério Público e sociedade civil organizada, mas diz que jamais houve omissão.
Ainda em dezembro, quando o Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19 começou a ser formulado, o Ministério da Saúde informou que a distribuição das vacinas seria realizada de modo proporcional à população de cada estado.
Posteriormente, em janeiro, o ministério informou que também se basearia em uma “taxa de risco” de infecção – ou seja, estados onde a epidemia estivesse em um estágio mais crítico seriam privilegiados.
E é nesse critério que o Rio Grande do Norte vem sendo, digamos, prejudicado.
Outros estados apresentam esse risco em maior grau, principalmente no quesito moradores de rua e população de quilombolas.
Matéria da Gazeta do Povo detalha o problema que não é exclusivo do RN. Os Governadores apontam disparidade entre estados onde essa “taxa de risco” é semelhante.
Foi o caso, por exemplo, de Paraná e Rio Grande do Sul. A desproporção entre os dois estados do Sul continua atualmente, um mês e meio após o início da vacinação. Os gaúchos receberam do governo federal uma dose para cada 12,3 habitantes. Já os paranaenses, uma dose para cada 16,3 moradores do estado. E ambos os estados seguem numa situação praticamente idêntica de evolução da pandemia, com alta de casos e internações e iminente colapso do sistema de atendimento a contaminados por Covid-19.
Veja a tabela completa da distribuição de doses por estado
ESTADO | DOSES | POPULAÇÃO (2021) | MÉDIA POR HABITANTE |
São Paulo | 3.969.228 | 46.524.662 | Uma dose para cada 11,7 |
Minas Gerais | 1.528.580 | 21.370.619 | Uma dose para cada 13,9 |
Rio de Janeiro | 1.355.330 | 17.427.287 | Uma dose para cada 12,8 |
Bahia | 945.600 | 14.965.530 | Uma dose para cada 15,8 |
Rio Grande do Sul | 923.600 | 11.450.982 | Uma dose para cada 12,3 |
Paraná | 706.200 | 11.568.927 | Uma dose para cada 16,3 |
Amazonas | 672.620 | 4.249.014 | Uma dose para cada 6,3 |
Pernambuco | 641.560 | 9.655.843 | Uma dose para cada 15 |
Ceará | 579.600 | 9.222.497 | Uma dose para cada 15,9 |
Goiás | 438.480 | 7.176.946 | Uma dose para cada 16,3 |
Pará | 414.040 | 8.748.772 | Uma dose para cada 21,1 |
Santa Catarina | 405.840 | 7.308.174 | Uma dose para cada 18 |
Maranhão | 385.640 | 7.140.152 | Uma dose para cada 18,5 |
Paraíba | 286.420 | 4.051.964 | Uma dose para cada 14,1 |
Espírito Santo | 268.420 | 4.093.023 | Uma dose para cada 14,2 |
Mato Grosso do Sul | 258.660 | 2.828.724 | Uma dose para cada 10,9 |
Distrito Federal | 240.560 | 3.078.249 | Uma dose para cada 12,7 |
Rio Grande do Norte | 230.240 | 3.552.282 | Uma dose para cada 15,4 |
Mato Grosso | 224.560 | 3.552.531 | Uma dose para cada 15,8 |
Alagoas | 200.060 | 3.360.684 | Uma dose para cada 16,7 |
Piauí | 158.880 | 3.285.704 | Uma dose para cada 20,6 |
Sergipe | 125.980 | 2.331.996 | Uma dose para cada 18,5 |
Rondônia | 112.408 | 1.808.708 | Uma dose para cada 16 |
Tocantins | 112.400 | 1.601.630 | Uma dose para cada 14,2 |
Roraima | 102.020 | 634.027 | Uma dose para cada 6,2 |
Acre | 79.360 | 902.815 | Uma dose para cada 11,3 |
Amapá | 57.600 | 872.213 | Uma dose para cada 15,1 |
BRASIL | 15.423.886 | 212.763.955 | Uma dose para cada 13,7 |
TL COMENTA
A explicação, porém, não justifica o porquê do RN está com sua fila de idosos ainda em torno dos 75 anos, quando a vizinha Paraíba inicia hoje a vacinação para idosos acima de 65.
Lá a proporção é de uma dose para 14, 1 habitante, enquanto no Rio Grande do Norte é uma dose para 15, 4. Pernambuco é para 15.
A diferença na distribuição de imunizante existe pelo “taxa de risco”, mas parece que essa não é a real justificativa do atraso observado na fila de idosos.
Uma dúvida que só poderá ser elucidada com informação e transparência. Seja na distribuição sob responsabilidade do Governo do Rio Grande do Norte ou na aplicação, de cada município potiguar.
Se fosse a taxa de risco, não era melhor ter dito que era a faixa de risco, do que dizer que vieram menos doses?
Só hoje informaram e contra informaram coisas que parecem iguais mas são diferentes. Pelos discursos o dedo podre é do Governo Federal, depois da vida, porque, afinal, a culpa não é de ninguém.
O silêncio, a omissão no socorro ao próprio Estado já é algo culposo. Tudo é muito vergonhoso. Tudo deveria causar uma indignação imensa a cada um de nós, mas parece que estamos desistindo, outros passando pano.