30 de abril de 2024
NotaOpinião

Último ciclo do petróleo é primeiro de novo emprego

O Rio Grande do Norte está se preparando, como poucos, para viver o último ciclo do petróleo como combustível mundial, ainda apostando em investimentos na área dos hidrocarbonetos, assim como no seu próprio fortalecimento como produtor de energias renováveis.

O último ciclo do petróleo refere-se a uma fase em que a demanda por petróleo atinge um pico e começa a declinar gradualmente, geralmente devido a uma combinação de fatores, como avanços tecnológicos, mudanças nas políticas ambientais e a transição para fontes de energia mais limpas e renováveis. Durante esse período, os países e as empresas que dependem do petróleo como principal fonte de receita econômica enfrentam desafios significativos para se adaptarem a mudança de paradigma.

A transição para energias renováveis, como solar, eólica, hidrelétrica e biomassa, é fundamental para mitigar os impactos das mudanças climáticas e reduzir a dependência dos combustíveis fósseis. Essas energias são consideradas mais sustentáveis e ambientalmente amigáveis, pois não produzem emissões de carbono durante sua operação.

No entanto, a transição para energias renováveis não é apenas uma questão técnica, mas também envolve desafios políticos, econômicos e sociais. Isso inclui investimentos em infraestrutura para energia renovável, políticas governamentais favoráveis, incentivos fiscais, pesquisa e desenvolvimento de tecnologias limpas e a criação de empregos na indústria de energia verde.

HORA DA TRANSIÇÃO

Nosso Rio Grande do Norte se insere no esforço brasileiro por ter uma matriz energética das mais renováveis entre todos os projetos conhecidos em desenvolvimento, inclusive os das grandes economias mundiais; 48% da nossa matriz é renovável.

Para se ter uma ideia da situação presente, a média mundial é de 14%, e se compararmos com os países mais desenvolvidos, por exemplo, os integrantes da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), essa participação é ainda menor, só 11%.

Se analisarmos agora a matriz de energia elétrica, a “renovabilidade” da nossa matriz é ainda maior. Em 2020, terminamos o ano com 85% da nossa matriz renovável, enquanto a média mundial era de apenas 28%. Isso demonstra a importância da nossa matriz e nos deixa orgulhosos como brasileiros de ter uma matriz tão identificada com o modelo de transição mundial.

É importante que essa transição seja feita de maneira justa e inclusiva, garantindo que comunidades e setores econômicos afetados pela diminuição da demanda por petróleo tenham oportunidades de se adaptar e prosperar na economia verde emergente. Além disso, é necessário considerar a segurança energética e a estabilidade econômica mesmo durante o processo de transição.

SOL, VENTO E EMPREGO

Por sua posição estratégica, o Rio Grande do Norte, com abundância de sol, bons ventos e uma extensa região costeira (400 quilômetros de litoral), tem tudo para se tornar protagonista na transição energética das fontes fósseis  para as renováveis e na busca pela neutralidade de emissões de gases de efeito estufa, até 2050 conforme estipulado na meta brasileira do Acordo de Paris.

Nosso Rio Grande do Norte é líder nacional na produção de energia eólica capaz de abastecer, em curtíssimo espaço de tempo, plantas de hidrogênio verde. Sem esquecer que o nosso vizinho, o Ceará, vem capitaneando os projetos de H2V ambos unidos na conquista da nova fronteira da busca de petróleo em águas ultra profundas

Em resumo, o último ciclo do petróleo e a transição para energias renováveis representam uma mudança significativa no panorama energético global. É claro que é preciso ter consciência com as implicações profundas para a economia, o meio ambiente e a sociedade como um todo.

SABER FAZER

O Relatório Anual referente a Empregos em Energia Renovável de 2023, da Agência Internacional de Energia Renovável (Irena), destaca que o setor de energias renováveis empregava cerca de 13,7 milhões de pessoas globalmente em 2022, com um aumento de 1 milhão de postos de trabalho em relação à 2021. Isso indica um mercado de trabalho crescente e a necessidade de engenheiros com habilidades específicas em sustentabilidade e tecnologias renováveis.

O SENAI do Rio Grande do Norte lançou oficialmente, neste começo de ano, a FAETI, primeira Faculdade de Energias Renováveis e Tecnologias Industriais do Brasil. A FAETI começou no últimol 4 de março, em Natal, capital do estado que lidera a geração brasileira de energia eólica onshore (em terra) e uma das principais zonas de interesse de investidores no país para implantação de futuros complexos eólicos offshore (no mar).

O foco, inicialmente, será em engenharia mecânica. O curso terá duração de 5 anos. Programas de pós-graduação e a estreia da graduação em engenharia elétrica estão previstos para até 2025.

 Rodrigo Melo, o comandante das ações do RN na questão da mão de obra para a transição, define esse trabalho que veio sendo desenvolvido: “A ênfase que daremos nos exemplos e na prática será nas energias renováveis, atividade com muita tecnologia embarcada que cresce para além das fronteiras do RN e do Brasil, com grande demanda por profissionais”.

“O que já começamos a formar são engenheiros mecânicos capazes de trabalhar na indústria de móveis, de alimentos, de cerâmica, e onde mais houver necessidade.” Mas a ênfase que daremos nos exemplos e na prática será nas energias renováveis, atividade com muita tecnologia embarcada que é liderada nacionalmente pelo estado, mas que cresce para além das fronteiras do Rio Grande do Norte e do Brasil, com grande demanda por profissionais, em um contexto em que a transição energética e a descarbonização da economia ganham força”, disse ele.

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