4 de maio de 2024
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UMA CIDADE PRA LÁ DE CRIATIVA

Museu de Arte Popular da Paraíba (Museu dos Três Pandeiros) – Campina Grande 


Há dois anos, já era tempo, do reconhecimento pela
UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura).

Campina Grande passava a ser  a mais nova das 285 cidades criativas, em uma lista que já percorreu 90 países.

O prêmio foi um  aplauso  à criatividade do seu povo,  combustível maior do indiscutível desenvolvimento.

Lá, a procura pelo conhecimento tem gerado cultura de inovação nos jovens que  fazem do saber fazer, oportunidades de vida melhor.

Campina, que concorreu e ultrapassou o Recife na disputa, assumindo posição de destaque mundial, tem uma longa história a contar.

E algumas figuras que não podem deixar de ser lembradas.

Nascido em Umbuzeiro a 80km,  Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Mello não esqueceu de incluir a Rainha da Borborema em seu sonho de espalhar arte e beleza pelo país afora.

Em 1967, o fruto da obstinação do magnata das comunicações, amadureceu em museu, com obras de Pedro Américo, Cândido Portinari, Antônio Dias, Ismael Nery e Anita Malfatti no acervo permanente, hoje administrado pelo universidade estadual.

Seus cursos na área de tecnologia atraem jovens que vêm de longe para participar de uma comunidade científica, sem fronteiras.

Pouso de tropeiros e portal dos sertões, a cidade fundada por viajeiros, continua acolhendo todos que depois do descanso, a descobrem, destino.

Muito antes da academia e do império do método científico, foi berço de inventores e seus delírios, sonhados  na aridez do Cariri.

Nos tempos em que o cangaço ainda era uma lembrança recente e os coldres, peças indispensáveis do vestuário, a fama do ferreiro Caroca cavalgou léguas.

Ele havia descoberto a pedra filosofal do Ingá.

Todo revólver Taurus  tocado, virava o mais desejado e certeiro Smith & Wesson.

Rodemilson, multi-instrumentista, dublê de empresário e júlio verne prático, foi o primeiro e  único feliz proprietário de um fusquinha com vidros elétricos, quando a mais moderna técnica alemã de ventilação,  não havia ultrapassado os quebra-ventos.

Qual Da Vinci, deixou os planos detalhados para a construção da casa dos desejos, adaptada ao clima regional, e com visão futura de segurança total, no tempo em que se podia dormir de janelas abertas, sob a proteção da lei de chico de brito.

Montada sobre macacos hidráulicos, à noite, a moradia seria recolhida para o subsolo, com a garantia do inventivo, que a temperatura subterrânea dispensava ventiladores e espirais sentinela.

Prova maior da justeza do laurel: enquanto o resto do país ainda penava para ingressar no fantástico mundo da novíssima geração de velocidade da internet, há mais de quatro anos, ao redor do Bodocongó, nos laboratórios da Universidade Federal de Campina Grande, já se navega nas ondas 5G.

(Publicação original em 11/11/2021)

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