26 de abril de 2024
Turismo

Ayrton Senna e o turismo do RN

O blog não tem o hábito de postar nossa coluna de turismo do jornal TRIBUNA DO NORTE, que sai às sextas-feiras (eventualmente aos sábados, mas sempre sai). Até porque a coluna também está na versão on-line, neste portal. Basta clicar em colunas (ao lado de blogs) e procurar e-turismo, com meu nome e minha foto.

Mas meus milhares de leitores (na verdade foram três amigos) pediram para eu postar no blog a coluna de sexta-feira passada, que abordou uma promoção do turismo potiguar na Itália justamente no período em que Senna partiu para outro plano espiritual, há 20 anos.

Como os leitores – no caso, aqueles três – é que mandam, segue abaixo a coluna da sexta-feira passada. E mais: com três fotos alusivas ao período. Uma para cada leitor-amigo que pediu a coluna no blog…

Senna e o turismo potiguar

Nesses melancólicos dias que remetem ao mito Ayrton Senna, vagueio no tempo e lembro do meu 1º de maio de 1994, que ontem completou 20 anos. Nesta época tão remota já estava trabalhando no e pelo turismo do Rio Grande do Norte. E nesta velha TRIBUNA DO NORTE, que ainda tinha o velho Balta “aperreado” diariamente na oficina e Edmar pincelando com a sutil aquarela do humor o Cartão Amarelo do dia. Saudades desses caras.

Rodado esse jornalista, hein? Permitam-me, leitores, que a coluna de hoje fuja aos padrões do mero noticiário, como prega o bom jornalismo. A veia será saudosista, mas o mote se mantém: turismo potiguar. Sob a égide, desta vez, de um emblema humano.

Abril de 1994 e a Varig implantava uma rota triangular semanal Roma-Fortaleza-Natal-Roma. Era a primeira ligação aérea regular internacional da capital potiguar. O então secretário de Turismo do RN, Mário Roberto Barreto, colaborou muito nesta conquista junto ao diretor da Varig na Europa à época, o poderoso Raul Medeiros, que inclusive tinha fazenda no interior do Rio Grande do Norte.

Pois bem… em meados de abril de 1994 Rio Grande do Norte e Ceará fizeram promoção conjunta na Itália para divulgar o novo voo da Varig. Foi um roadshow (série de workshops) durante a turnê de Daniela Mercury, que estava despontando no mercado.

Em Firenze, após o show, eu e Daniella Mercury. Final de abril de 1994
 Após o show, eu e Daniella Mercury. Final de abril de 1994

As cidades visitadas foram Roma, Bolonha, Florença, Milão, Veneza, Nápoles e talvez uma ou outra que a memória não me permite recordar. Antes dos shows, os hoteleiros potiguares e cearenses recebiam operadores e agentes de viagem italianos para trocas de informações e tarifários. Foi legal. Um baita aprendizado para todos.

No grupo de empresários do turismo potiguar estavam, entre outros (desculpem pelo esquecimento de alguns), Paulo de Paula (empreendimento em Pitangui) Luís Sérgio Barreto (Vila do Mar), Fernando Paiva (Imirá Plaza), Sérgio Gaspar (Ocean Palace), Haroldo Azevedo (Novotel Ladeira do Sol), Jean Posadzki (International Tours), Paulo César Gallindo (Chaplin) e Ricardo Bezerra (Destaque Promoções). 

Emídio Melo era o gerente geral da Varig no RN à época. O secretário de Turismo de Natal era Luiz Eduardo Bezerra de Farias. A atual secretária de Turismo do RN, Gina Robinson, também integrava a comitiva. Já era técnica do Governo. Da turma do Ceará só me lembro do Bismarck Maia, que à época já era secretário de Turismo (hoje também é), e do José Peixoto, do hotel Praiacentro. Alguns diretores da Varig também acompanharam a comitiva, que reunia pouco mais de 20 pessoas.

Mas vamos ao fatídico 1º de maio de 1994. Estávamos em Veneza. O grupo potiguar se dividiu. Uns foram ao GP de San Marino (porém realizado em Ímola) e viram a tragédia de perto. Outros preferiram almoçar e passear com calma pelos becos, vielas e canais de Veneza. Todos seguiriam no final da tarde para Roma, onde dormiriam naquela noite.

 

Sérgio Gaspar (Ocean), Jean Posadzki (International) e este jornalista
Sérgio Gaspar (Ocean), Jean Posadzki (International) e este jornalista. Abril de 1994

Lembro que Luís Sérgio, Haroldo Azevedo e Ricardo Bezerra foram à corrida. Eu preferi o vinho e os bons papos, em Veneza, com Sérgio Gaspar, Luiz Eduardo Bezerra de Faria e Jean Posadzki. Pensei comigo mesmo: se fosse futebol, valeria o esforço. Mas automobilismo nunca foi minha praia.

Eu, Sessé, Lula e os outros que optaram pelo domingo em Veneza ficaram sabendo da morte de Senna no ônibus, durante o percurso entre Veneza e Roma. Para ser mais exato, nas redondezas de Bolonha, para onde Ayrton Senna foi levado – já sem vida – para um hospital.

O motorista escutava a corrida. Torcia pela Ferrari, como quase todos os italianos, porém – creio – gostava mais de Senna do que todos os brasileiros, juntos, que estavam no ônibus. Ele subitamente bateu na porta que o isolava do resto do ônibus. Com força. De forma insistente. Pensamos em algum problema na viagem. Ou mesmo com ele. Não era.

Em seu italiano gesticulado, nos deu a notícia da morte de Senna. Sem arrodeio, como diria o simples matuto. Perplexos, apenas nos entreolhamos. O locutor da rádio gritava, em meio ao silêncio ensurdecedor do ônibus. Acho que chorava. A palavra que mais identificávamos em sua metralhadora de lamentações era Senna. Então era verdade. O motorista não era louco, como cheguei a supor e torcer que o fosse.

 

Carlinhos (à época na Secretaria de Turismo do RN), eu e Ricardo Bezerra (Destaque) em Roma, em 1994
Carlinhos (à época na Secretaria de Turismo do RN), eu e Ricardo Bezerra (Destaque) na Itália, no final de abril de 1994

Faltava apenas um show de Daniela Mercury, em Nápoles, para encerrar a turnê. Dispensável falar sobre o clima reinante. No dia seguinte à perda de Senna, o 2 de maio que hoje completa exatamente 20 anos, nós, brasileiros, fomos parados nas ruas de Roma, quando identificados. Os italianos lamentavam a morte de Senna, queriam saber mais sobre o piloto. As bancas de jornais estampavam edições especiais. Cadernos inteiros.

Minha veia jornalística enfrentou a tristeza na frieza do ofício. Tudo na mais alta tecnologia. Via fax. Pedi emprestada uma máquina de escrever no hotel em Roma, relatei o que vi e senti, tão perto mas tão distante, e mandei para Osair Vasconcelos, diretor de redação desta TRIBUNA DO NORTE, que deu destaque ao texto do “correspondente circunstancial” na edição de 2 de maio de 1994.

Enfim, a crônica que não queria ter escrito. Nem agora, nem há 20 anos.

Ayrton Senna. Do RN. Do Ceará. Do Brasil. Da Itália. Do Mundo. Das curvas do firmamento sem fim.

0 thoughts on “Ayrton Senna e o turismo do RN

  • ARI RIBEIRO

    BOA TARDE,
    NÃO SEI SE É ATRAVÉS DESTE CANAL QUE POSSO ME COMUNICAR COM A REDAÇÃO. SE NÃO FOR GOSTARIA DE PEDIR A COLABORAÇÃO DESTE PARA UMA SUGESTÃO.
    FUI AO NOVO AEROPORTO E MUITO ME SURPREENDI COM A ENTRADO AO TERMINAL POIS NO MESMO ESTA SENDO CONSTRUIDO AO MEU VER UMA PRAÇA DE PEDÁGIO. SERÁ MESMO OU ESTOU EQUIVOCADO. SERIA BOM SE POSSÍVEL QUE O JORNAL TRIBUNA DO NORTE FIZESSE UMA VISITA AO MESMO E APURASSE SE É PEDÁGIO OU ESTACIONAMENTO QUE ESTÁ MUITO LONGE DA AREA DE EMBARQUE E DESEMBARQUE.

    SEM MAIS PARA O MOMENTO,

    ANTECIPO AGRADECIMENTOS

    ARI RIBEIRO

    Resposta

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *