18 de março de 2024
CULTURA

Delação envolve propina para Januário, procurador dos mais atuantes da Lava Jato

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O furo é do portal UOL e movimentou a madrugada dos que acompanham a novel Lava Jato pelas redes sociais.

O doleiro Dario Messer afirmou em mensagens trocadas com sua namorada, Myra Athayde, que pagou propinas mensais ao procurador da República Januário Paludo, integrante da força-tarefa da Lava Jato do Paraná.

Os pagamentos estariam ligados a uma suposta proteção ao “doleiro dos doleiros” em investigações a respeito de suas atividades ilegais. Os diálogos de Messer sobre a propina a Paludo ocorreram em agosto de 2018 e foram obtidos pela PF (Polícia Federal) do Rio de Janeiro durante as investigações que basearam a operação Patrón, última fase da Lava Jato do Rio.

Nas conversas obtidas pela PF, Messer fala a Myra sobre o andamento dos processos que responde. Ele diz que uma das testemunhas de acusação contra ele teria uma reunião com Januário Paludo.

Depois, afirma a namorada: “Sendo que esse Paludo é destinatário de pelo menos parte da propina paga pelos meninos todo mês.” Segundo a PF, os “meninos” citados por Messer são Claudio Fernando Barbosa de Souza, o Tony, e Vinicius Claret Vieira Barreto, o Juca.

Ambos trabalharam com Messer em operações de lavagem de dinheiro investigadas pela Lava Jato do Rio. Depois que foram presos, viraram delatores.

Após essas delações, a força-tarefa da Lava Jato do Rio abriu uma investigação sobre o caso. O advogado Antonio Figueiredo Basto foi chamado a depor. Negou a versão de Juca e Tony. Messer foi chamado a depor no dia 8 de outubro. Ficou em silêncio.

A defesa do doleiro não quis se pronunciar ao UOL sobre a investigação pois ela é sigilosa. A força-tarefa da Lava Jato do Paraná, da qual Paludo faz parte, declarou que “essas ilações já foram alvo de matérias publicadas na imprensa no passado e, pelo que foi divulgado, os fatos apontam para suposta exploração de prestígio por parte de advogado do investigado [Figueiredo Basto]”. …

Paludo é um dos procuradores mais antigos da Lava Jato. Integra a força-tarefa de combate à corrupção desde sua criação, no ano de 2014.

Membro do MPF desde 1992, o procurador regional da República Januário Paludo sempre foi tido como uma referência para os membros da Força-Tarefa da Lava Jato, devido o fato de ser o mais experiente entre eles.

Não por outra razão, um dos grupos criados no aplicativo Telegram para que os procuradores trocassem mensagens, cujo conteúdo foi revelado por uma série de reportagens do site The Intercept Brasil, se chamava “Filhos de Januário.”

O primeiro caso de repercussão em que ele atuou foi o do Banestado, investigação sobre lavagem de dinheiro.

OPINIÃO DO TL

É evidente que o Procurador Januário – e todos seus filhos –  merecem o benefício da dúvida assegurado pelo Princípio da presunção de inocência em nossa Constituição Federal, mas, ao mesmo tempo, balança as estruturas do próprio MP que tanto fez barulho e sepultou reputações com base em delações frágeis e mentirosas.

Quando, por exemplo,   iniciou denúncias, acompanhadas de todo dispendioso aparato policial para averiguar ilações com narrativas fadadas ao arquivamento. Porque simplesmente partiram de premissas equivocadas, natimortas, portanto.

A Lava Jato de Curitiba é vítima de seu próprio modus operandi e poderá avaliar, sentindo na própria pele, o caminho escolhido, que – como tudo – também tem volta.

 

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