PORQUE TORCI PARA LULA NÃO SER CANDIDATO
Há três anos, a torcida de Hélio Schwartsman saiu das páginas da Folha (Porque torço para que Bolsonaro morra) para ocupar espaços nas discussões sobre a pandemia, na crista da primeira onda.
Sem adjetivos que indicassem sentido figurado, a palavra final mostrava seu peso, na carga de tabu que a velha senhora carrega sobre os ombros encurvados.
Dizem ser a libitina, a responsável maior pela Filosofia que só existe por sua causa, certeza e enigma.
O que foi externado no polêmico artigo, entendido como ódio, continuou sendo destilado nas redes sociais, acrescido de multiplicados e repetidos motivos.
“O sacrifício de um indivíduo pode ser válido, se dele advier um bem maior”.
A justificativa ética, a mesma das antigas religiões e modernos fanatismos que aceitavam e acreditam nos poderes do sacrifício humano, não foi acolhida, nem se fez realidade.
A doença do Presidente Bolsonaro, motivo do desejo mórbido, foi branda e a convalescença, curta.
A Ciência não parou de procurar a cura e achou a maneira de convivência sob proteção parcial das vacinas.
Mundo afora, os responsáveis pelo enfrentamento do inimigo comum foram avaliados pelo voto popular, antes do julgamento da História.
A vida seguiu seus caminhos incertos e trouxe a nação brasileira a uma nova encruzilhada, no momento em que a segunda intifada, ainda mais violenta, perdia forças.
O novo tempo de planejar a restauração era chegado, na hora da troca d’ il conduttore.
Que o próximo fosse moderado e soubesse encurtar distâncias entre extremos.
Que não atiçasse ainda mais o fogo das paixões que queimavam as últimas esperanças.
Que soubesse usar unguentos para cicatrizar as feridas abertas nos seios e nas almas das famílias.
Torci para que tivesse sido premonição, o exemplo que vinha do Norte.
Que a vitória sobre o obscurantismo iluminasse o artigo não escrito nas leis brasileiras: duas vezes, bastam.
Os democratas norte-americanos não tinham um candidato com maior potencial de votos, mesmo assim ocorreu a salutar alternância do poder no sistema eleitoral de apenas dois partidos.
O adversário já havia sido pré-derrotado pelo despreparo, descontrole e teimosia.
O Brasil confundiu terceira via com terceiro mandato.
As práticas amorais das compras descaradas de apoio parlamentar já seriam suficientes, se a ideologia com cheiro de naftalina não aumentasse o desejo que Lula tenha o mesmo destino de Dilma.
A China será sempre uma solução menos traumática.