30 de abril de 2024
Política

PORQUE TORCI PARA LULA NÃO SER CANDIDATO

Caricatura: Souza

Há três anos, a torcida de Hélio Schwartsman saiu das páginas da Folha (Porque torço para que Bolsonaro morra) para ocupar  espaços nas discussões sobre a pandemia, na crista da primeira onda.

Sem adjetivos que indicassem sentido figurado,  a palavra final mostrava seu peso, na  carga de tabu que a velha senhora carrega sobre os ombros encurvados.

Dizem ser a libitina, a responsável maior pela Filosofia que só existe por sua causa, certeza e enigma.

O que foi  externado no polêmico artigo, entendido como ódio, continuou sendo destilado nas redes sociais, acrescido de multiplicados e repetidos motivos.

“O sacrifício de um indivíduo pode ser válido, se dele advier um bem maior”.

A justificativa ética, a mesma das antigas religiões e modernos fanatismos que aceitavam e acreditam nos poderes do sacrifício humano, não foi acolhida, nem se fez realidade.

A doença do Presidente Bolsonaro, motivo do desejo mórbido, foi branda e a convalescença, curta.

A Ciência não parou de procurar a cura e achou a maneira de convivência sob proteção parcial das vacinas.

Mundo afora, os responsáveis pelo enfrentamento do inimigo  comum foram avaliados pelo voto popular, antes do julgamento da História.

A vida seguiu seus caminhos incertos e trouxe a nação brasileira a uma nova encruzilhada, no momento em que a segunda intifada, ainda mais violenta, perdia forças.

O novo tempo de planejar a restauração era chegado, na hora da troca d’ il conduttore.

Que o próximo fosse moderado e soubesse encurtar distâncias entre extremos.

Que não atiçasse ainda mais  o fogo das paixões que queimavam as últimas esperanças.

Que soubesse usar  unguentos  para cicatrizar as feridas abertas nos seios e  nas almas das famílias.

Torci para que tivesse sido  premonição, o exemplo que vinha do Norte.

Que a vitória sobre o obscurantismo iluminasse o artigo não escrito nas leis brasileiras: duas vezes, bastam.

Os democratas norte-americanos não tinham um candidato com maior potencial de votos, mesmo assim ocorreu a salutar alternância do poder no   sistema eleitoral de apenas dois partidos.

O adversário já havia sido pré-derrotado pelo despreparo, descontrole e teimosia.

O Brasil confundiu terceira via com terceiro mandato.

As práticas amorais das compras descaradas de apoio parlamentar já seriam suficientes, se a ideologia com cheiro de naftalina não aumentasse o desejo que Lula tenha o mesmo destino de Dilma.

A China será sempre uma solução menos traumática.

 

O Pintor e o Modelo (1963) – Pablo Picasso – Pinacoteca de Arte Moderna, Munique, Alemanha

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