27 de abril de 2024
Coronavírusvacina

OS PÁRIAS DAS VACINAS

O naufrágio de Don Juan (1840) – Eugène Delacroix – Museu do Louvre, Paris


Enquanto
Aristóteles filosofava e ajudava a fincar os alicerces da democracia, era servido em seus afazeres domésticos e substituído nos trabalhos braçais, por escravos.

Todo o tempo dos sábios de Atenas  era dedicado às atividades filosóficas e políticas.

Nossos ideais de liberdade e igualdade, foram definidos  por cidadãos livres, menos  ex-escravos, mulheres e estrangeiros.

A politeia grega atravessou a história, recebeu o incremento dos ideais de igualdade da  Revolução Francesa para chegar aos dias de hoje, ainda clamando por liberdade.

Se não a mais destruidora e mortal, a mais duradoura epidemia está escrevendo um novo e ainda não definido capítulo, neste livro libertário que parecia já encerrado.

A doença não deixa mais  que as asas da liberdade sejam abertas como sempre estiveram nos versos dos poetas.

O novo manual de sobrevivência na floresta de vírus, variantes, vacinas e cepas, passou a ser a lei maior que transcende os poderes do Estado e de quem elabora ou guarda suas regras.

Ciência das verdades transitórias, a Medicina enfrenta mudança tão intensa  que só poderá ser avaliada muito depois que as poeiras dos sucessivos vendavais que a têm afetado,  não estiverem mais embotando a visão da verdade científica, resistente às versões convenientes e ao tempo das dúvidas proibidas.

Conceitos antes inquestionáveis não mais sobrevivem fora dos slogans, chavões e lugares comuns, tantas vezes repetidos.

Até o domínio e propriedade do próprio corpo deixaram de ser direito absoluto e inalienável.

Ninguém pode defender sua inviolabilidade sob risco de ser acusado por hediondo crime de lesa-humanidade.

Qualquer pessoa que por algum motivo, mesmo os que sempre dispensaram explicações, os de foro íntimo,  decida não se proteger com a vacina, além de ser rotulado de terrorista doméstico, será condenado a todas as penas reservadas aos obscurantistas, alijado do convívio social, perderá o emprego e o direito de ir e vir.

Não é difícil imaginar o destino reservado aos recalcitrantes imunológicos.

Enquanto os portadores dos passaportes carimbados com sucessivas doses, estarão livres, festeiros e aglomerados, os auto-excluídos serão obrigados a pregar nas vestes, um símbolo de perigo, inspirado na estrela de seis pontas de terrível memória.

Ninguém se aproximará deles a menos de dois metros, suas mãos jamais serão apertadas e em lares e comércios estarão proibidos de entrar.

Já não será livre a manifestação do próprio pensamento.

Serão amaldiçoados aqueles que se insurgirem contra a cláusula pétrea que “vacina boa é vacina no braço”.

Os que comparam e escolhem imunizantes, mesmo com sólidos conhecimentos sobre diferentes mecanismos de ação e reações adversas, terão seus nomes acrescidos da alcunha sommelier.

E ficarão aguardando no final da fila, a vacina cubana a ser aplicada pelo Consórcio Nordeste.

A Barca de Dante (1824) – Eugène Delacroix – Museu do Louvre, Paris


(Este texto foi publicado em 19/08/21, quando ainda era considerada blasfêmia, duvidar da perfeição divina das vacinas contra o vírus Sars-Covid-19)

One thought on “OS PÁRIAS DAS VACINAS

  • Geraldo Batista de Araújo

    O aprendiz já virou professor. Tá bom demais para meu gosto.

    Resposta

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