26 de abril de 2024
Coronavírus

EN AVANT, TOUT

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O que  o ex-presidente Lula  falou, muitos pensaram mas só ele teve que se retratar.

Ainda bem que a natureza, contra a vontade da humanidade, criou esse monstro chamado coronavírus porque esse monstro está permitindo que os cegos enxerguem, ou comecem a enxergar.”

Ainda bem.

Até quem usa óculos só pra perto, está vendo o que anda ocorrendo.

A prova, de fogo ardente da fogueira, foi a Festa de São João.

O querido santo deve ter gostado que este ano seu sono não foi interrompido pelo barulho dos foguetões.

Até Greta Tintin ficou calada.

O céu estava mais lindo e os satélites ecológicos não deduraram um novo recorde de incêndios nas ruas, matas, florestas e quintais.

Nos hospitais superlotados, os serviços de queimados puderam continuar emprestando seus leitos ociosos para doenças bem menos evitáveis.

Ninguém ficou horas nas longas filas das rodoviárias, esperando por incertos ônibus extras.           

E a greve continuou só municipal.

Os artistas recém-saídos das geladeiras não precisaram forçar o sorriso na pose de bastidores com os futuros candidatos nas futuras eleições.

O prefeito não teve que caprichar no passinho da dança do xote, xaxado e baião.

As autoridades superiores não acusaram as inferiores de propaganda eleitoral antecipada e improba.

Nenhum registro de BO por iPhone surrupiado no Largo do Atheneu. Nem  carteira batida na Praça do Gringo.

Os artistas locais não reclamaram da demora dos pagamentos, nem os caloteiros, ouvidos pela reportagem, culparam a burocracia. A mesma que pagava, antecipadamente, aos forasteiros.

Os miúdos não fizeram birra pra vestirem aquelas roupinhas chinfrins (e ridículas) compradas no camelô da avenida 3.

Apesar de tudo, a animação continuou.

Desta vez, sem quentão gelado, nem  cerveja estupidamente morna.

A paz  foi comemorada em silêncio. Sem brigas pra saber quem faz a festa maior.    Nem a mais animada. Nem a mais antiga do Vale do Assu.

Não pingou o meidia. E ninguém desceu, engarrafado, a Presidente Dutra.

Mesmo assim, os  folguedos não pararam. Foram até multiplicados.

Em todo canto de sala, um palco. Em  qualquer terreiro, uma dança. Em cada celular, uma live.

Tudo de grátis e isolado da tristeza.                              

Sem reclamações.Da carestia, do preço da mão-de-milho, do aumento da gasolina, da distância de Campina Grande.

Só não conseguiram ainda foi compensar a falta que faz o Festival de Quadrilhas Juninas.

E as saudades das festas como as do nosso tempo.

 

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