A MÁQUINA DOS SONHOS
Houve um tempo em que médicos não investiam no mercado de capitais, bolsa de valores, nem em bitcoins.
A agropecuária era a segunda atividade de quase todos.
Pelo menos, dos considerados bem sucedidos.
Criador de bodes, o colega trouxe o capataz da fazenda para exames na capital.
Durante a semana, sem a faina e mais nada a fazer, o rurícola virou acompanhante permanente do doutor.
Rodou a cidade toda.
Sempre atento a tudo, nada comentava.
Foi a hospitais, lojas, bancos, shoppings, restaurantes.
Na volta ao habitat campesino, o patrão queria saber o que seu fiel escudeiro havia achado da temporada na cidade grande.
Foi perguntando pelas modernidades e nada parecia ter impressionado o homem do campo.
Insistiu mais um pouco, até a revelação:
–Doutor, o que eu queria mesmo era uma máquina daquelas que cospem dinheiro, aqui na fazenda.
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(Texto publicado originalmente em 23/04/2019)