27 de abril de 2024
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Alô alô, Realengo na ABL: Gilberto Gil vai para cadeira já ocupada por quem lhe prendeu na Ditadura

Por Ancelmo Gois no Globo 

As voltas que o mundo dá — no caso para melhor, claro.

Não é obrigado, mas é da tradição da Academia Brasileira de Letras que, no discurso de posse, o novo imortal recorde seus antecessores naquela cadeira.

No caso de Gilberto Gil, eleito hoje para a ABL com 22 votos favoráveis (o poeta Salgado Maranhão recebeu sete), a cadeira de número 20 já foi ocupada pelo general Aurélio de Lyra Tavares (1905/1998), que, como ministro do Exército, assinou o Ato Institucional número 5, de 13 de dezembro de 1968, que piorou ainda mais a ditadura militar.

Entre as vítimas do AI-5 estava o próprio Gil que, juntamente com Caetano Veloso, ficou preso de dezembro de 68 a fevereiro de 69 e, após ser solto, seguiu confinado em casa até julho.

Depois, ambos foram exilados em Londres. Na Inglaterra, o artista compôs “Aquele Abraço”, uma espécie de hino de despedida do Brasil, onde cita até o bairro onde fica o quartel em que esteve preso, no verso “Alô alô, Realengo”.

Em tempo

O general Lyra Tavares, em suas poesias, usava o pseudônimo de Adelita, que era composto pelas iniciais de seu nome.

Mas em Frei Paulo Adelita é… deixa pra lá.

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