27 de abril de 2024
Poesia

Antúrios de Napoleão

 

ANTÚRIOS

* Napoleão Veras

Minha mãe falava de *antúrios*
Assim ouvi pela primeira vez
a palavra pela qual me encantei

Como também me encantei
pela planta em si,
igualmente linda.

Coincidiam em beleza
o objeto e seu signo
– o que nem sempre acontece

De onde o fascínio pelo antúrio e menos pela ‘boa noite’ ?
– certamente difícil explicar

A cor vermelha intensa,
o esboço de copo com uma colher, digo, uma espádice ao centro,
e o verniz a se espraiar na luz

O vocábulo em elegância proparoxítona, que eleva, sublima na penúltima, e termina rascante no ditongo da última sílaba

Felizmente para amá-la
só foi preciso a primeira vista.

 

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