27 de abril de 2024
Coronavírus

APOSTA ARRISCADA

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Já que o governo estadual desistiu de usar sua arma ultrassecreta na I Grande Guerra da Pandemia Mundial, cada um faz a sua parte e quem sabe, a publicidade salvadora de 3 milhões de reais não fará tanta falta.

Agora já não adianta falar sindicalês.

O vírus é monoglota.

Não foi entendido em chinês, italiano, espanhol, inglês.

Nem no latim do Francisco. Quem quiser que aprenda seu linguajar.

Pegou geral. Arrasou.

Comunistas, social-democratas, monarquistas.

Agora, ameaçando tirar mais um naco da grande maçã, afronta o capitalismo no altar-mor da catedral do consumismo.

Por que haveria de poupar os socialistas do beco da lama?

De nada servem mais,  reuniões, indicativos, sentadas de mesa, declarações, coletivos, comissões, diálogo.

Muito menos notas oficiais, de repúdio, nem cartas gentílicas, mesmo aquelas com palavreado pomposo e trocentas assinaturas embaixo.

O que se precisa saber, vem da experiência de quem enfrentou a fera e mesmo ferido e exausto de tanto sacrifício e privação, ainda manda alertas e orientações para quem ainda está no sopé da montanha a ser escalada.                                     

O monstro espreita, à sombra,  escorado num  gráfico cartesiano,  no pico da curva.

Esqueçam o fundamentalismo ignorante, os governantes irresponsáveis e as autoridades despreparadas.

Distanciamento e isolamento voluntário.             Funcionaram lá, no mundo todo e vão funcionar aqui.                            

Por tempo determinado. Curto, antes que exploda também a epidemia de saques e violência.

Um prazo para  se organizarem os serviços de saúde e assistência.

Depois, o isolamento vertical.

Doentes e grupos de maior risco sob proteção.

Apesar de todas as homenagens, mensagens agradecidas, auto-elogios, bravatas de herói de novela, luzinhas verdes iluminando pontes e prédios e crônicas melo-elogiosas, os profissionais de saúde estão muito limitados nesta luta.

Não apostem  todas as suas fichas neles.

São precários em número, estão sem muitos recursos e disposição para sair para as batalhas, sem as armaduras de proteção individual.

Na China, o maior percentual de mortes em jovens, foi na população de enfermeiros, médicos, técnicos e empregados dos hospitais.

Na Itália, o recrutamento de médicos e enfermeiros aposentados para atuarem na linha de frente, foi um desastre. Não contaram o número dos mortos. Somaram nas estatísticas dos idosos.

Na Espanha, mais de 15% dos infectados são da área de saúde.

Nos Estados Unidos, médicos da linha de frente não têm mais contato com suas famílias. Passaram a dormir em hotéis, onde escrevem suas listas de desejos, caso não voltem mais para casa depois do trabalho perigoso e incerto.

Lembrem das propagandas daquelas férias inesquecíveis.

Sua casa fora de casa.

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Isso é um hotel. Nunca vai ser hospital.

Alojem neles, quem não tiver um lugar decente para ficar.

Quem vai morrer não por não ter lavado as  mãos mas por falta de sabão. E água.

Quem não tem imunidade por ter  usado muitas drogas e se alimentado mal nos últimos anos.

Isolem neles, entre um e outro plantão, os profissionais de saúde para que não contaminem suas famílias.

Determinem com muita clareza quais doentes em angústia respiratória vão merecer a  intubação e o leito na UTI redentora.

Agradeçam a , Deus do Sol dos egípcios e dos nordestinos.

E rezem para o invasor ter se fartado com o que já conquistou.

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