1 de maio de 2024
Coronavírus

AVÓS DA PANDEMIA

 

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O principal grupo de risco, acrescido de outras armadilhas das doenças de conhecimento dos netos,  fizeram dos avós, criaturas mais frágeis do que a eles já pareciam.

A carga de precauções e perigos iminentes alertados, afastou de vez os pequenos.

A cabeça feita não permite a aproximação e o aconchego de antes.

Contaram-lhes que são vetores potencialmente fatais, e por quererem preservar por mais tempo o convívio, têm suportado a distância.

Que só aumenta o amor pelos netos.

            (Publicação original em 23/09/2019)


ANTIGAMENTE, AVÓS

Não se faziam avós com os de atualmente.

Na contramão dos saudosistas, temos de reconhecer que os de hoje são mais ativos  e abertos ao diálogo.

A nova safra, toma mais vinho, envelhece lentamente e mantém o vigor por muito mais tempo. Mais vida útil, saudável e convivência com os netos.

As mesmas figuras ancestrais, movidas a papas e canjas, hoje seguem dietas equilibradas, suplementadas com whey protein, macronutrientes, aminoácidos, ômega 3 e tudo que possa aumentar a massa muscular.

Só nos Estados Unidos a indústria de produtos  antienvelhecimento para nutrição, condicionamento físico, tratamento de pele, substituição de hormônios, vitaminas e suplementos, gera uma  receita de 50 bilhões a cada ano.

Trocaram o pijama e o chinelo (pantufa, pra aquecer os pés) por leggings, camisetas de poliamida anti-suor e tênis superlights.

Anos depois da aposentadoria, ainda frequentam a universidade.

Da terceira idade, já de olho nos cursos que poderão fazer na da quarta.

As conversas vespertinas com vizinhos, em cadeiras-de-balanço nas calçadas, só mudaram de lugar.

Com muito mais segurança e amigos, no burburinho dos shoppings.

Quem tinha  como esporte mais radical, corridas de pés arrastados  para  fundo de rede, sem  muito tempo para o ócio, divide o que resta,  em sessões de hidroginástica, musculação, yoga, RPG, pilates.

Pés-de-valsa,  vão para as aulas de tudo que é dança. Das de salão onde sempre reinaram, até as de salsa, sertanejo, zumba e tudo mais que entrar na moda.

Reuniões, encontros, desencontros e desavenças à moda antiga, agora circulam nos grupos familiares em áudios, textos e lives.

As delícias das vovós continuam tão saborosas como sempre foram nas domingueiras barulhentas.

E mais variadas nos tantos restaurantes das praças (superlotadas) de alimentação.

Enquanto a imortalidade não é possível,  trocam o geriatra pelo especialista anti-aging, esperando que um elixir à base de células-tronco seja tão eficaz como o milagroso comprimido azul.

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