3 de maio de 2024
Coronavírus

CAMINHO DA ÍNDIA

EF3CB93C-DDD0-4F85-B95C-7AE8ED52EB47Quando voltou de sua penosa viagem que durou dez anos, Ulisses se fez parecer mais velho do que havia se tornado.

Maltrapilho, passando por mendigo, não foi reconhecido. Os pobres velhos sempre foram invisíveis.

Para reconquistar a paciente Penélope, teve que provar quem era. Apesar da aparência, a amada comprovou.

O ancião mantinha teso o arco da promessa. E a gata, o cio.

Na pandemia, o que parecia unanimidade, a proteção preferencial aos idosos, começa a ser questionada.

Esquecidos, se a deusa da imunidade permitir, que também chegarão a acumular anos,  jovens que são, que  pensam que são  e os que se comportam como fossem, começam a propor uma virada vacinal.

Como um certo capitão já defendeu, o cuidado não iria além do isolamento dos confinados e inofensivos que  só produzem lembranças e estórias repetidas .

A pujança da nação nas mãos e músculos marombados estaria seriamente ameaçada pela suspensão do direito hormonal inalienável de ir, vir, reunir e curtir a vida com a galera.

Na solução mais simplória, os pobres moços passariam à frente da fila.

Imunizados, com a economia voltando a girar, os velhinhos nos fundos das redes, escolas de novo, risonhas e francas, bolsas nas alturas e dólar sobrando pra comprar tudo que é bugiganga digital, só não se reelege quem der muita canelada.

O presidente de quase  58 milhões de votos, achou pouco a maioria e ainda reclama de fraudes nas urnas eletrônicas.

Agora, fica sabendo que esta montanha de sufrágios não impressos nem auditados, liquefeita em doses de meio mililitro é o que se precisa para vacinar os 28 milhões de brasileiros, brasileiras e brasileires de mais de 60 anos de idade.

A poção redentora, mágica para os medrosos, saída das pontas das varinhas de condão das bruxas do Oriente, dinheiro no caixa e a praça ávida pra fazer negócios da China, levavam a crer que tudo estaria resolvido como mera questão de compra, venda, cifras e somas.

Quem quisesse, daria o braço pra seringa  e todos, felizes,  voltariam a acreditar nas profecias do sabe-tudo do posto ipiranga.

Estão aprendendo a dura lição que imunizante não brota do chão nem dá em árvores, mora longe e na hora do perigo, todos rezam pela salvação.

Que ciência não é só um escudo de proteção para disfarçar carências e omissões.

O conhecimento valorizado, volta em benefícios coletivos.

A teleaula indiana está nas teias das nuvens, disponível para ser vista e entendida.

Inacreditável país pobre, o de maior densidade populacional, levando esperanças para o resto do mundo.

O caminho é longo. E único.

Continuar sendo produtor agrícola e passar a exportar tecnologia, só com  melhoria do ensino e formação universitária voltada para o as necessidades e mercado.

Mesmo com altos índices de analfabetismo, estimados em 25%, a Índia  nas últimas duas décadas colocou seu ensino superior na terceira posição mundial,  depois de China e Estados Unidos.

Que as vacinas que chegam de lá inoculem nos índios ocidentais, novas maneiras de encarar a vida.

Veda.

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Saraswati, a deusa da sabedoria e do aprendizado.

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