26 de abril de 2024
Coronavírus

DIÁRIO DE UM VACINADO

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Aviso preliminar aos que pretendem ir até o fim do relato de quem recebeu a vacina para a Covid-19.

No final,  o autor não vira jacaré.

A primeira oportunidade de imunização surgiu há quatro meses. Seria um dos mil voluntários na contribuição que Natal daria aos estudos da fase 3, junto com outras pessoas do Reino Unido e da África do Sul.

Um misto de desconfiança e cisma em servir de cobaia, foi reforçado pela recusa de usuários de medicações anticoagulantes nas observações a serem feitas com a vacina do Laboratório AstraZeneca. Oxford,  para os íntimos, exclusivos e sofisticados.

O início da vacinação e a experiência dos filhos e noras, combatentes na linha de frente,  fizeram mudar o planejamento imunológico.

A famigerada  chinesa, sem notificações de efeitos adversos, estava sendo substituída pela sofisticada, de nobre linhagem inglesa, já testada, aprovada e liberada pela Anvisa.

O que seria deixado para a segunda fase, quando o teste da vida real estivesse bem estabelecido, pela idade, junto com os provectos cidadãos de mais de seis décadas, na lentidão da distribuição homeopática das doses, passou a ser meta antecipada.

A bandeirada de largada da corrida de caça ao tesouro, foi dada no grupo de colegas médicos, todos semi-aposentados.

Acabara de ser liberado o encontro dos outros profissionais da retaguarda da saúde com aqueles meio mililitro, o líquido mais precioso e desejado que o gênio humano já criou.

A escassez do produto aumentou o desejo de quem ainda está longe do podium.

Um festival de postagens nas redes sociais, algumas apagadas, deixou pistas e prints, despertando indignação, inveja e dedo-durismo.

Os  raros vacinados passaram a ser vistos como astronautas que voltam  de  missão a Marte.          Ou da estação interplanetária de Caiçara do Rio do Vento.

Esquecem que todas as vacinas, estão sendo aplicadas em caráter experimental, em grupos sabidamente de maior risco.

Que no triste histórico das  nossas vítimas fatais, não há sub-grupo com maiores perdas  que o de médicos de mais de 60 anos.

O tempo e o maior número de pessoas imunizadas vão, mais à frente, dar as respostas e esclarecer dúvidas.

Cinco dias após a injeção, parecia até que a doença se instalava, por azar, com todos os sintomas amplamente descritos, antes que os anticorpos estivessem prontos para a defesa.

A dolorosa experiência pessoal fez repensar o que são sintomas leves e moderados, nas  reações adversas.

O medo, tão constante nos relatos dos que foram acometidos e passaram por penosos tratamentos, não deve ser diferente, nem maior.

A preocupação, se o padecimento aumenta com o passar das horas e se haverá melhora ao amanhecer, são  os maiores tormentos.

A sôfrega procura por mais informações passa pela velha mania da imprensa, transmitida de herança às mídias sociais.

A ênfase ao lado negativo da notícia.

Relatos de raros desfechos dramáticos, gelam a espinha dorsal.

A crença que orações e preces de última hora e somente  nos momentos de perigo, pouco ajudam, levaram à procura de explicações nos trabalhos científicos sobre efeitos colaterais,  reações imediatas, tardias e imunidade celular.

Mesmo que certos infortúnios só aconteçam com os outros, é bom estar preparado para também fazer parte das estatísticas.

Além das esperadas dor e sensibilidade no local da aplicação,  a Fundação Oswaldo Cruz alerta que  mais da metade dos vacinados vão apresentar dor de cabeça e fadiga.

Mal estar e dores musculares, acometem 40%.

Um terço vai ter febre e calafrios.

20% terão dores articulares, prurido e náuseas.

E um alento confortador.

Os penares duram poucos dias.

Por amargo que seja o remédio, cem por cento das pessoas disputam a vacina.

De uma forma ou de outra, todos lembram o que disse sobre a mais temível das doenças, o sobrevivente Nizan Guanaes.

Essa porra mata!

Covid 19 essa porra mata.

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