30 de abril de 2024
Coronavírus

ESSE JOGO NÃO PODE SER UM A UM

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Orlando Teruz – Futebol, 1983


Quando a primeira onda da pandemia ainda não havia quebrado,  a previsão sinistra que a segunda seria ainda mais alta e destruidora, foi recebida como alarme pessimista.

Há quem agoure que outras haverão de surgir mesmo que o mar da contaminação não encrespe tanto quanto agora.

Há os que acreditam na carapaça protetora da vacina e os que temem que ela não seja tão eficaz contra as novas cepas, variantes e adaptações do vírus.

Conhecer o jogo do inimigo, para armar o esquema tático de defesa, é a saída mais inteligente.

Depois de mais de um ano na retranca, chegou a hora de avançar  e retomar os espaços perdidos.

Com a bola rolando, querer punir culpados é perda de tempo.

Todos os esforços devem servir para aumentar o volume de jogo e chegar à última volta do ponteiro, com o menor número de expulsos e contundidos.

Se o técnico não corresponde ao esperado, no fim da partida, a gente elege outro.

Só não pode é trazer de volta quem já mostrou como comanda o grupo.

Quando a manjada jogada é sempre por um lado, os jogadores ficam acomodados no come-e-dorme e o match não evolui.

A esperança é que possa surgir gente nova, das categorias de base, que entre em campo sem sentir o peso da camisa.

Alguém que enfiado pelo meio, receba as jogadas das pontas e saiba comandar o ataque sem ser desarmado na zona do agrião.

O campeonato disputado é o mais duro de todos.

Sem torcidas nos estádios, as partidas ainda empolgam.

Tudo tendo de ser decidido no VAR superior, a nação verde-amarela tem enfrentado um custoso luto que precisa ser analisado como fases de um processo doloroso, inevitável mas curável.

No começo, logo depois do pontapé inicial, eram todos negação. Até quem só joga na cartilha da Ciência, era negacionista.

O adversário, acostumado aos campos gelados, à relva coberta de neve, não iria resistir ao nosso calor tropical.

Alguns ainda não baixaram a bola nem se adaptaram às mudanças do clima.

A raiva de ter de prorrogar os períodos de concentração não ajudou. O escore era cada vez mais elástico. As liberações para festas só prejudicaram o rendimento.

O departamento médico,  lotado, foi a prova maior que àquela altura do campeonato, bola dividida era bola perdida, na certa.

A inveja dos que conseguiam virar o jogo sem maiores perdas, só não foi maior porque todos estavam conscientes que a disciplina e o cumprimento rigoroso das normas e esquemas táticos dos estrangeiros nunca foi o nosso forte.

A garra da equipe só começou a se mostrar viva quando a negociação e a barganha motivaram a recuperação dos lesionados. Em troca de um final de jogo feliz, aumentaram os recursos para investimentos na assistência e no treinamento.

Quando o cansaço parecia levar à depressão, notícias vindas de longe davam conta que ainda havia como chegar ao fim da jornada, inteiros.

A aceitação que os próximos jogos serão disputados com novo regulamento e mesmo assim,  poderão ter o mesmo brilho, é o caminha para o sucesso.

Fase ruim, todo time passa.

Tudo de ruim, um dia passa.

Aprender com os erros, recomeçar com mais experiência, manter o entusiamo e a fé.

Já dá pra sentir um cheiro de vitória no ar.

Gente, espelho da vida, doce mistério

Gente quer ser feliz

Gente quer respirar ar pelo nariz.

(Caetano Veloso)

Um A Um – YouTube Music

 

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