27 de abril de 2024
NotaOpinião

Fátima Bezerra não é da Nova nem Velha Política

 

Cassiano Arruda Câmara – Tribuna do Norte – 31/08/22

– “Interessante a exclusão no grupo da Velha Política, da governadora Fatima, que vem de mandatos consecutivos na Assembleia Legislativa, Câmara Federal e Senado da República”…

De um atento leitor que não quer abrir mão do conforto do próprio anonimato, ao questionar o artigo “Nova Política precisa mostrar o que fez além do extermínio”, publicado nesse espaço na última quarta-feira.

Em termos mais diretos ele quer saber se a governadora Fátima Bezerra é representante da Nova Política, vitoriosa nas urnas de 2018, ou representa a Velha Política, derrotada naquela oportunidade.

Minha resposta: Como não existiu – nem existe – filiação formal à Nova Política (nem à Velha), o rótulo, quando não é assumido, depende da visão do analista ou observador. É o que tento fazer depois da provocação recebida.

É, portanto, uma opinião de quem não tem um cartório com atribuições de distribuir títulos, sobretudo para os políticos em geral, diante de determinado acontecimento.

VELHA OU NOVA

Aos 63 anos (nascida em Nova Floresta, PB, em 5 de Maio de 1955) Fatima é mais velha do que muitos nomes da Velha Política, e muito mais nova do que representantes da Nova Política.

Como se vê, o critério não pode ser esse. Mesmo subjetivos, critérios existem. E, em nenhum deles a Governadora do RN, se enquadra numa ou noutra classificação.

O início de sua trajetória política tem 40 anos, depois de se formar em Pedagogia na UFRN, quando ingressou no movimento sindical: Foi vice-presidente (1980-1982) e presidente (1982-1985) da Associação dos Orientadores Educacionais, secretária-geral da Associação dos Professores (1985-1987), secretária-geral (1989-1991) e presidente (1991-1994) do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Rn (dos Professores).

Fátima aportou na política partidária em 1981, quando se filiou ao Partido dos Trabalhadores. Sempre contestando o establishment político do Rio Grande do Norte, a raiz da Velha Política, mesmo com a sucessão interna de vários líderes.

VITORIAS E DERROTAS

Fátima Bezerra se elegeu deputada estadual por dois mandatos: em 1994, com 8 347 votos; e em 1998, com 30 697 votos. Durante o tempo em que permaneceu na Assembleia foi presidente da Comissão de Direitos Humanos e da Comissão de Defesa do Consumidor, Meio Ambiente e Interior Também representou o Poder Legislativo potiguar no Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania e no Conselho Estadual do Meio Ambiente.

Ainda como parlamentar, foi delegada na IV Conferência Mundial sobre a Mulher (Beijing, 1995) e no I e II Fórum Social Mundial (Porto Alegre, 2001 e 2002), e participou do Encontro Internacional em Solidariedade às Mulheres Cubanas (Havana, 1998).

Além disso, nos anos de 1996, 2000, 2004 e 2008, Fátima Bezerra foi candidata à prefeitura municipal de Natal, perdendo, respectivamente, para Wilma de Faria (duas Vezes), Carlos Eduardo Alves e Micarla de Sousa, até que, no ano de 2012, desistiu de concorrer ao cargo e lançou a candidatura de Fernando Mineiro (PT), que também perdeu o pleito em 2012 e 2016. Sempre combatendo a Velha Política.

PARADA FEDERAL

No ano de 2002, Fátima Bezerra se candidatou ao cargo de deputada federal  e conseguiu se eleger com a melhor votação do estado, alcançando a soma de 161 875 votos. Em 2006, foi reeleita com 116 243 votos e, em 2010, com 220 355 votos, ano em que obteve a quinta melhor votação proporcional do país, além de ter alcançado a maior votação que um deputado já recebeu no Rio Grande do Norte. Sempre se colocando contra os chamados “políticos tradicionais”, corpo e alma da Velha Política.

Em 2004, a deputada Fátima atuou como titular da Comissão especial do Ano da Mulher, em 2005, foi escolhida como presidente da Comissão de Legislação Participativa e, em março de 2006, se tornou titular da Comissão Permanente de Educação, Cultura e Desporto. Ainda nesse último ano, atuou como segundo vice-presidente da comissão especial para a PEC que criou o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB), aprovado pelo Congresso Nacional em dezembro.

Já durante o seu último mandato na Câmara Federal, em 2011, Fátima Bezerra ocupou a presidência da Comissão de Educação, um reconhecimento a sua atuação parlamentar.

ALIANÇAS DE OCASIÃO

Em 2014,  se candidatou ao Senado na chapa que apoiava Robinson Faria  para governador. Ela derrotou a ex-governadora Wilma de Faria, do PSB, Fátima Bezerra conseguiu se eleger com a soma de 808 055 votos, representando 54,84% dos votos válidos.

Foi uma típica aliança de conveniência, ai, ela já havia sido aceita pela Velha Política, com a desculpa de enfrentar uma coligação que juntava a representação da política tradicional (Velha) do RN.

Nas urnas de 1918, quando a Nova Política foi sacramentada, numa coligação só de partidos de esquerda – PT, PC do B e PHS – Fátima  derrotou o antigo aliado Robinson Faria e Carlos Eduardo Alves no segundo turno, somando mais de um milhão de votos, 57.60% do total, conquistado o Governo do Estado.

Como a Nova Política terminou assumida por partidários do presidente Bolsonaro, o título não combina com ela, que governando o RN há quase quatro anos, aparece como favorita em todas as pesquisas para a eleição de 2 de Outubro, sem poder ser enquadrada na Nova Política. – Nem na Velha.

 

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One thought on “Fátima Bezerra não é da Nova nem Velha Política

  • PedroArtur

    KKKKKKK , velha e nova piada kkkkkk

    Resposta

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