27 de abril de 2024
Homenagem

GLAUBER CONSELHEIRO

Entre a cruz e a espada – Glauber Rocha (1939/1981) – Acervo do Instituto Moreira Sales, São Paulo


Glorificados pelos historiadores oficiais, homenageados em estátuas, placas de ruas e até usurpadores da toponímia de cidades inteiras, vultos do passado estão sendo reposicionados em seus  papéis, subtraídos de medalhas, e sem lauréis, apeados dos cavalos de bronze.

Genocidas, perdem as insígnias de pais da pátria.

Conquistadores, têm revelados os métodos, nos inglórios combates aos mais frágeis.

Mas quem marcou a passagem pela vida com ideias, nunca será esquecido.

Na era da foto digital de alta resolução, museus  preservam as obras de pintores impressionistas.

Músicas encontram sempre outros artistas imortais para reproduzí-las em som estéreo.

No cinema, há repetidas oportunidade para se rever filmes remasterizados.

Sempre valerá a pena ver, ouvir e sentir tudo de novo.

Há quatro anos, a Bahia ofereceu a um ilustre e desvairado filho, uma justíssima distinção, numa prova  que mais fortes são os poderes do povo.

O erro foi na escolha da obra.

Um aeródromo.

Poderiam ter esperado um pouco,  para um tributo mais apropriado.

Depois que o sertão virasse mar, seria perfeito.                      

Porto Marítimo Glauber Rocha, de Vitória da Conquista.

Na inauguração do aeroporto, o rápido discurso do então Capitão-Presidente da República não fez qualquer referência ao afamado conquistense.

Talvez por Paloma, a filha do homenageado, ter recusado participar da comitiva, no primeiro pouso, perdendo  a chance de fazer um discurso glauberiano.

Desde a saudação às autoridades.

Depois das civis e eclesiásticas (os padres da Opus Dei), as militares.

A quem nomearia como legítimos representantes do povo.

E diria para surpresa dos que nunca assistiram ao programa Abertura, da TV Tupi, que assim falava quem considerava o General Golbery do Couto e Silva,  um gênio da raça brazileira.

E santificava  o rasputin da redemocratização no mesmo altar de Darcy Ribeiro.

Poderia ter dito que o pai, ao voltar do agridoce exílio  por Europa , França, Montevidéu, Moscou, Argélia, Cuba e Bahia, onde encontrou Prestes, Jango, Arrais, Darcy, Dirceu e ACM, declarou-se militarista,  terceiro mundista e dono de uma capa verde comprada numa boutique de Saint-Germain-des-Prés.

Falecido em 1981 aos 42 anos,  não é difícil imaginá-lo aos 84.

Auto-proclamado florianista, estaria, nestes tempos de indigência política, abrindo alas para outro vice passar, no comando da banda.

Se não deu certo com Mourão

Quem sabe, Geraldo  …

Gangaceiro – Glauber Rocha – Acervo do Instituto Moreira Sales, São Paulo


(O texto publicado em 28/97/2021, sofreu modificações)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *