PANDEMIA DE GOLPES
A expectativa que o mal do século XXI seria assemelhado às viroses sazonais, mesmo com alerta de virulência como jamais ocorrera, frustrou os otimistas e rasgou os diplomas de muitos cientistas incorporados dos santos da adivinhação.
A onda, primeira e única, achatada, seria prenúncio e alto preço pago para a volta ao que era antes.
As vacinas sonhadas, levariam um bom tempo para ser fabricadas.
Seriam poucas, contadas nos dedos da mão esquerda do ex-presidente Lula.
A segunda ola trocou as arquibancadas dos estádios de futebol para, maior que a anterior, percorrer hospitais do mundo todo, deixando para trás, destruição, medo e ameaça de repetição.
A atividade econômica atingida com menos intensidade que as catastróficas previsões dos futurólogos da Economia, dá sinais de recuperação, cobrando juros a serem pagos com o realinhamento das atividades e sacrifícios de empregos e renda.
A frase-chave para o novo sucesso é reposicionamento profissional.
O exemplo mais eloquente é dado por atividade secular que sempre cresceu e vem se reinventando em todas as crises.
As pessoas sob estresse, inseguras e temerosas com o porvir, são a matéria bruta esperando ser lapidada pelos mestres que fazem da lábia, cinzéis.
Golpistas não são mais os românticos praticantes do conto-do-vigário.
Bilhetes premiados deixaram de ser encontrados pelas calçadas, cheias de pedintes e filas de bancos.
Vivaldinos incorporaram tecnologia e conhecimento de informática para continuar fazendo o que sempre deu certo.
O peixe da ganância nunca vai deixar de beliscar a isca da ilusão.
Não existe o golpe perfeito.
O que não acaba são os que querem levar vantagem, passar a perna ou garantir ganhos sem esforço.
A emergencial necessidade de materiais e equipamentos médicos e a inédita generosidade do tesouro para gastos no enfrentamento da crise sanitária, não poderiam deixar de aguçar as ideias da atenta classe dos trambiqueiros já estabelecidos na área e os picaretas avulsos de ocasião.
Não foi só por estas caatingas semi-áridas.
Nas melhores freguesias da diocese globalizada, altas autoridades foram alvo dos plantadores de sonhos.
Andrew Cuomo, o governador-casanova de New York só não está mais enrolado com a a justiça, por pura sorte.
Na boca-do-caixa, o banco sustou um pagamento de 98 milhões de dólares.
A empresa que iria abastecer de insumos médicos, a capital do mundo, só existia virtualmente, nas páginas nos sites convidativos, de agradáveis navegações.
A não localização do endereço, na Rua das Nuvens SN, abortou o nascimento do que seria o pato mais famoso, desde que Walt Disney desenhou o Donald sem topete.
Mal começada, a CPI do Senado já apresenta no eletrocardiograma, um acentuado prolongamento do intervalo QT, correndo o risco de morte súbita por overdose de cloroquina.
Ainda dá tempo de investigar se os escroques americanos também não andaram por aqui.
É bom lembrar que até o Maranhão tem a sua Nova Iorque.