PORQUE TORCI PARA QUE BOLSONARO RENUNCIASSE
O sacrifício humano, celebração de antigas religiões, ainda resiste em práticas criminosas de seitas fanáticas mais modernas
Repete-se ao longo da História por atribuição aos imolados, a solução de problemas transcendentes às forças terrenas, forjando nos altares sagrados, legiões de santos e heróis.
Na maior crise sanitária de todas, todos tiveram de contribuir com os próprios martírios, no enfrentamento do mal desconhecido.
A Ciência procurou a cura, a prevenção e o tratamento.
A Fé recorreu ao divino.
O Poder constituído, seguindo orientação do conhecimento consolidado, interferiu no comportamento coletivo.
Quem tinha mais responsabilidades por escolha popular, começou a ser julgado por atos, omissões e exemplo.
Alguns, no curso da pandemia repensaram a percepção da doença. Fizeram mea culpa e seguiram seus destinos.
O primeiro-ministro que cumpriu em regime fechado em UTI, severa pena por desdenhar da mazela no reino inglês, conseguiu desembarcar em praia nunca mais tranquila, vindo a anunciar que passaria o timão a outro, dois anos depois.
O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, acusado de negligência no início da propagação da moléstia, foi reeleito e continua no comando das ações em escala global.
O chefe de estado mais poderosos, vencido pelas evidências e pelas urnas, exerce o jus esperniandi na tese de fraude eleitoral que não abandona, nem depois da mancha indelével que deixou na mais invejada democracia do mundo.
Houve quem externasse o desejo, em forma de torcida, para que o vírus aplicasse pena capital ao Presidente Bolsonaro.
Passaram-se dois anos da funesta aspiração do articulista.
O Supremo Tribunal Federal não instaurou o competente inquérito de ofício para apurar se o agourento artigo poderia ser considerado criminoso.
O jornalão não afastou o autor da bizarra ameaça, tão velada quanto secreta.
Consequencialismo à parte, as ações do presidente não mudaram os rumos da pandemia, fato constatado depois que a vacina comprovou não corresponder às expectativas, de proteção total contra a contaminação, e erradicação da virose, para sempre.
A enfermidade presidencial foi branda.
Sua convalescença, curta.
A renúncia, elucubração do aprendiz de cronista, transformou-se em augúrio da mais violenta de todas as disputas eleitorais.
Que o triste episódio de Foz do Iguaçu não se repita.