4 de maio de 2024
Política

PORQUE TORCI PARA QUE BOLSONARO RENUNCIASSE

 

Sacrifício do Solstício de Inverno (1915) – Carl Larsson – Museu Nacional de Estocolmo, Suécia                                  *** O semilegendário Rei Domaldi sendo sacrificado para apaziguar os deuses e assim terminar com o ciclo de más colheitas.

O sacrifício humano, celebração de antigas religiões, ainda resiste em práticas criminosas de seitas fanáticas mais modernas

Repete-se ao longo da História por atribuição aos imolados, a solução de problemas transcendentes  às forças terrenas, forjando nos altares sagrados, legiões de santos e heróis.

Na maior crise sanitária de todas, todos tiveram de  contribuir com os próprios martírios, no enfrentamento do mal desconhecido.

A Ciência procurou a cura, a prevenção e o tratamento.

A recorreu  ao divino.

O Poder constituído, seguindo orientação do conhecimento consolidado, interferiu no comportamento coletivo.

Quem tinha mais responsabilidades por escolha popular, começou a ser julgado por atos, omissões e exemplo.

Alguns, no curso da pandemia repensaram a percepção da doença. Fizeram mea culpa e seguiram seus destinos.

O primeiro-ministro que  cumpriu em regime fechado em UTI, severa pena por desdenhar da mazela no reino inglês, conseguiu desembarcar em praia nunca mais tranquila, vindo a anunciar que passaria o timão a outro, dois anos depois.

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, acusado de negligência no início da propagação da moléstia, foi reeleito e continua no comando das ações em escala global.

O chefe de estado mais poderosos, vencido pelas evidências e pelas urnas, exerce o  jus esperniandi na tese de fraude eleitoral que não abandona, nem depois da mancha indelével que deixou na mais invejada democracia do mundo.

Houve quem externasse o desejo, em forma de torcida, para que o vírus aplicasse  pena capital ao Presidente Bolsonaro.

Passaram-se dois anos da funesta aspiração do articulista.

O Supremo Tribunal Federal não  instaurou o competente inquérito  de ofício para apurar se o agourento artigo poderia ser considerado criminoso.

O jornalão não afastou o autor da bizarra ameaça, tão velada quanto secreta.

Consequencialismo à parte, as ações do presidente não mudaram os rumos da pandemia, fato constatado depois que a vacina comprovou não  corresponder às expectativas, de proteção  total contra a contaminação, e erradicação da virose, para sempre.

A  enfermidade presidencial foi branda.

Sua convalescença, curta.

A  renúncia,  elucubração do aprendiz de cronista, transformou-se em augúrio da mais violenta de todas as disputas eleitorais.

Que o triste episódio de Foz do Iguaçu não se repita.

 

Entrada do Rei Gustav Vasa em Estocolmo em 1523 (1908) – Carl Larsson – Museu Nacional de Estocolmo, Suécia

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