17 de maio de 2024
Coronavírus

POUCO TEMPO PARA PAPAI NOEL

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Adoração dos Magos (1445) – Fra Angélico – Museu Nacional de Artes, Washington D C

Os noticiários das  TVs ainda insistem.

Os Correios continuam estimulando os pedidos.

Crianças não desistem de mandar cartas para  Papai Noel.

As respostas é que não são as mesmas de antes.

Na lista de suspeitos, mais que ruídos de comunicação, uma crise sanitária com danos à economia, atrapalha a magia.

Ou a Lapônia já privatizou o serviço ou o bom velhinho se rendeu aos  meios  mais modernos, diretos e rápidos de se comunicar.

Em sã loucura, quem vai trocar a facilidade de uma tela brilhante,  na ponta dos dedos, dispensando selos, carimbos e pagamentos, por folha de papel que nem corretor ortográfico automático tem.

Missivas impressas sempre foram exclusivas da correspondência oficial e dos negócios.

Agora não tem jeito. Todos aceitam tipos e fontes.

Emoções transformadas em palavras, até as de amor, em caixa-alta, sem que se dê pela falta do capricho das letras esmeradas.

O que um emoji criativo não substitui?

A escrita cursiva identificava a autoria e  o remetente.

Denotava sinceridade e revelava a real necessidade do pedinte, suplicante.

Só as justificativas, incompreendidas  pela caligrafia ilegível, corriam o  risco de não serem decifradas. E atendidas.

Ainda ensinada na escola, a redação de cartas com cabeçalho, vocativo, corpo do texto, saudação de despedida e a firmada assinatura, está fadada a se juntar à raiz quadrada e tantas outras matérias sem serventia na vida vivida entre postagens e encaminhamentos.

Nem os vovôs guardam mais em suas gavetas, blocos de papel pautado, estacionário, almaço.

Envelopes,  não adianta procurar.

A espera pelo carteiro, trocada pelo alerta vibratório e toque personalizado do celular, não é mais tão torturante.

Até o  velho costume de mandar (e receber recíprocos) cartões desejando boas festas,  se perdeu no tempo.

Rendidos aos modernismos que chegam sem avisar, entraram em desuso,  por obsoletos.

Sem poder competir com os digitais, cheios de movimentos, cores, luzes e sons, tornaram-se peças raras. E excêntricos, seus remetentes.

Mais fácil, procurar o contato e mandar uma mensagem direta e instantânea.

O perigo  é encontrar algum conhecido que participe de grupo de WhatsApp em dificuldade de pagar algum boleto bancário, correndo o risco de tratar-se de perfil falso,  com outras intenções que não distribuir presentes.

Golpistas estão por tudo que é canto. E redes sociais.

O Facebook com tanta corrente de orações e maus presságios se quebradas, pode não ser uma ideia de sorte.

No Twitter empestado de robôs e cheio de conflitos, não se encontra  clima para tratar destes assuntos. E de generosidades.

A esperança é que neste ano seja diferente do outro que passou, e o Nicolau gaste, de novo, todo seu tempo na oficina,  para fabricar um só tipo de presente.

Que desta vez  o seu trenó corra o mundo, repartindo com todos, sem diferenças, doses de fé e confiança que tudo andará bem.

E bilhões de  frasquinhos de vacina cheguem aos povos que nada podem pagar.


9CC70F31-BBB9-41E9-99A5-232D9DCFB6E0A anunciação (1446) – Fra Angélico – Museu Nacional de São Marcos, Florença

CDDE57FC-854E-4839-8207-CF4CC0BB9979Natividade (1441) – Fra Angélico- Newfields, Museu de Arte de Indianápolis

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