27 de abril de 2024
Gastronomia

PRÊT-À-MANGER

Almoço na grama (1862) – Édouard Manet – Museu de Orsay, Paris


Nascidos no novo século têm na velocidade, um bem fundamental.

Tudo medem em bytes.   

Kilos, megas, gigas, teras.

Para eles, o tempo não passa. Nem pode ser perdido.

A espera em restaurantes, um martírio inaceitável.

Com o tsunami que inundou todos eles, muitos não voltaram quando as marés traiçoeiras vazaram.

Outros, aperfeiçoados nas entregas rápidas, continuam as cozinhas das casas, acostumadas a funcionar sem as chauffeurs dos fogões.

Estamos perto da cozinha fusion também nos negócios, e do iFood Restô.

Pedidos e pagamentos antecipados pelo aplicativo e consumo presencial sem espera.

Mas só pra quem acha que a entrega pelos drones irá comprometer a temperatura dos pratos.

Imagine a dificuldade que é empreender nestes tempos incertos de retomada da economia e dos hábitos familiares.

Os restaurantes foram os mais atingidos, antes e depois da pandemia.

As dificuldades começam na escolha do público alvo.

É preciso conquistar o cliente e torná-lo fiel.

Qualquer erro na estreia pode ser fatal.

Daí, a importância do soft open.

Antes que essa chuva toda encharque o molhado, vamos ver se na prática, é outra a teoria.

Duvido que algum consultor para novos negócios na gastronomia leve em consideração um segmento do mercado ainda não devidamente valorizado.

Os netos.

São fundamentais na escolha do pra onde vamos hoje?”

Os avós, delegam a eles  a decisão e só são vetadas as redes de fast-food que incluem, além das megacalorias,  brinquedos e bonecos no cardápio.

A nova casa de pasto era modernosa e interessante. Foi o que contaram.

Com facilidade de estacionamento, cardápio variado, boa carta de vinhos e preços na média.

Tudo pra agradar a todos.

Dos descontentes, só o maître sabe.

E como deve  ter corrigido os problemas iniciais, foi o  salvador do negócio.

Foi ele quem ouviu do neto de cinco  anos a crítica transformada em sentença, a ser cumprida pela família toda, incluído o avô, ausente  daquela vez:

Demorou muito.                                                    Nunca mais volto aqui.    

N.R

O cenário desta estória, publicada em 27/05/2019, resistiu aos decretos governamentais que levaram restaurantes à falência, é sucesso nas colunas sociais e gastronômicas, mas ainda não foi visitado pelo vovô obediente

Um Bar em Folies-Bergère (1882) – Édouard Manet – Courtauld Gallery, Londres

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