RESPOSTAS AO VENTO II
Há 40 anos, na pequena Casimiro de Abreu a 140 kms do Rio de Janeiro, um senhor de aparência comum, vindo não se sabe de onde, com sotaque nordestino, anunciou a chegada próxima, de uma nave de jupiterianos que fariam os primeiros contatos com os terráqueos e suas autoridades.
O local previamente marcado, como se os visitantes dispusessem de GPS (que ainda não havia sido inventado na dimensão terra), em uma fazenda, foi logo cedido, limpo e aplainado.
O prefeito preparou recepção oficial e o presente de boas vindas.
Sem ao menos saber se os hóspedes tinham o hábito da leitura, embrulhou em papel laminado festivo, uma enciclopédia. Inteira.
O adiamento do pouso, atribuído à invasão da área pelos curiosos, gerou frustração e quase acaba em pancadaria.
O profeta faleceu poucos meses depois, de complicações do diabetes.
Um nova data para a abortada visita nunca foi marcada.
O mundo não seria transformado a partir do país abençoado pelos deuses da espaçonave e bonito por natureza.
Maltratado, descuidado, superpovoado, cheio de conflitos e problemas no sistema de arrefecimento, em trajetória errante e destino ignorado, o planetinha ainda desperta interesse nos outros mundos mais evoluídos.
Divisões culturais, religiosas e outros interesses impedem que a mensagem clara e objetiva, que vem sendo transmitida há anos, seja entendida.
Poucos lembram o que canta o adivinho Bob Zimmermann, há muito tempo.
Está soprando ao ar.
Frustrou-se quem esperava que depois da pandemia, viesse a bonança.
E uma vida mais simples e mais longa.
Em paz.