8 de maio de 2024
Memória

RESPOSTAS AO VENTO II

Noite estrelada sobre o Ródano (1888) – Vincent van Gogh – Museu de Orsay, Paris


Há 40 anos, na pequena
Casimiro de Abreu a 140 kms do Rio de Janeiro, um senhor de aparência comum, vindo não se sabe de onde, com sotaque nordestino, anunciou a chegada próxima, de uma nave de jupiterianos que fariam os primeiros contatos com os terráqueos e suas autoridades.

O local previamente marcado, como se os visitantes dispusessem de GPS (que ainda não havia sido inventado na dimensão terra), em uma fazenda, foi logo cedido, limpo e aplainado.

O prefeito preparou recepção oficial e o presente de boas vindas.

Sem ao menos saber se os hóspedes tinham o hábito da leitura, embrulhou em papel laminado festivo, uma enciclopédia. Inteira.

O adiamento do pouso, atribuído à invasão da área pelos curiosos, gerou frustração e quase acaba em pancadaria.                       

O profeta faleceu poucos meses depois, de complicações do diabetes.

Um nova data para a abortada visita nunca foi marcada.

O mundo não seria transformado a partir do país abençoado pelos deuses da espaçonave e bonito por natureza.

Maltratado, descuidado, superpovoado, cheio de conflitos e problemas no sistema de arrefecimento,  em trajetória errante e destino ignorado, o planetinha ainda desperta interesse nos outros mundos mais evoluídos.

Divisões culturais, religiosas e  outros interesses impedem que a mensagem clara e objetiva, que vem sendo transmitida há anos, seja entendida.

Poucos lembram o que canta o adivinho Bob Zimmermann, há muito tempo.         

Está soprando ao ar.

Frustrou-se quem esperava que  depois da pandemia, viesse a bonança.

E uma vida mais simples e mais longa.

Em paz.

 

Estrada com cipreste e estrela (1890) – Vincent van Gogh – Museu Kröller-Müller, Ottrelo, Países Baixos

 

 

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