Tinha um (delegado) Judas no meio do caminho
Nada surpreendeu mais os envolvidos na morte da ex-vereadora Marielle Franco há seis anos no Rio de Janeiro do que a prisão do delegado Rivaldo Barbosa, apontado pela Polícia Federal como um dos autores do crime.
Logo ele tão solícito e solidário à família desde o primeiro momento. Logo ele, que por dever de ofício deveria zelar pelo desfecho do crime. Logo ele que jurou defender a sociedade do crime organizado.
A traição conseguiu abrir feridas de uma família, que lutou pela verdade nos últimos seis anos.
Rivaldo foi nomeado chefe da Polícia Civil do Rio em 2018, um dia antes do assassinato. Não foi mera coincidência.
A mãe de Marielle, Marinete da Silva, disse que a família tinha uma relação de confiança com Rivaldo, e que o delegado prometeu a eles que esclarecia o crime.
“A minha filha confiava nele e no trabalho dele. E ele falou que era questão de honra elucidar [a morte da vereadora]. Por questões óbvias, porque a Marielle, além dele confiar, garantiu a entrada do doutor Rivaldo no Complexo da Maré depois de uma chacina para ele entrar e sair com a integridade física garantida”, disse Marinete.
Dona Marinete com um ramo na mão lembrou a data grande para os católicos, o início da Semana Santa, Domingo de Ramos, começo do calvário e ressureição de Jesus Cristo.
POLÍCIA COMO CÚMPLICE
A vereadora Monica Benicio, viúva de Marielle, lembrou que Rivaldo foi a primeira autoridade que recebeu a família da vereadora após o crime.
“Hoje saber que o homem que nos abraçou, prestou solidariedade e sorriu e tem envolvimento nesse mando é para nós entender que a Polícia Civil não foi só negligente. A Polícia Civil não apenas errou, mas foi também cúmplice desse processo”, disse Monica.
A semana continua e há quem preveja novas surpresas no caso como uma possível delação dos irmãos Brazão – deputado e conselheiro do TCE – presos ontem pela Polícia Federal.
Para quem acredita, na recordação da Semana Grande, a certeza que as grandes injustiças são precedidas de grandes traições. E de onde menos se espera…
