TOURO CAMPEÃO
Sabedoria popular, experiência e atenta observação da vida na fazenda, foram as precursoras da inseminação artificial.
A anedota familiar merece crédito, pelo estilo e retrato fiel dos personagens envolvidos.
Aos 98 anos, a melhor testemunha do episódio não pode ser consultada para atestar sua veracidade.
Não por falta de lucidez ou condições físicas, que estas estão em descompasso com a idade.
É que não se permitem certas liberdades com a tia, mesmo que o sobrinho já seja um setentão.
Contam e não deixam cair no esquecimento, que numa invernada fraca, o gado minguava e a bezerrada andava emagrecendo a olhos vistos.
Muita estiagem e pouco pasto, os problemas da Serra de São Bento eram.
Com essas justificativas, quem danado ia lá se preocupar com a genética?
Mas sempre aparece alguém pra dar pitaco.
E logo um cunhado, desses que se metiam mesmo na vida da família, sem cerimônia.
Numa visita esporádica, notou o que todos já comentavam.
Ciente que a consanguinidade era a causa do problema, e generoso, combinou que mandaria o melhor touro que tinha, para alegrar as novilhas desprovidas de viço.
E por longa temporada.
Não se passaram porém, quinze dias e o reprodutor já era devolvido. Sem nenhuma explicação.
Algum tempo depois, no reencontro dos cunhados, a revelação inusitada, inspirada no sentimento de inveja animal:
– Na minha propriedade não quero nenhum animal fornicando mais do que o dono.
(Com poucas alterações, este texto foi publicado em 3/4/2019)
Cabra bom!!kkkkkkkk