27 de abril de 2024
Opinião

Uma eleição sem Debates pode definir nosso futuro

 

Roda Viva – Tribuna do Norte – 19/10/22

Enquanto o eleitor acompanhava o primeiro Debate do segundo Turno da eleição presidencial  – “Bolsonaro destaca corrupção do PT e Lula enfatiza mortes na pandemia” – segundo manchete d´O Estado de S. Paulo, a extrema importância da eleição presidencial, em círculos restritos, podia estar sendo acompanhada com outros olhos, noutro contexto.

Para o Rio Grande do Norte a eleição presidencial, além de sua importância política, e das suas enormes consequências, chega até aqui com um pequeno/grande detalhe capaz de antecipar, em dois anos, o futuro da política potiguar que, com certeza, passa pela eleição da mesa da nossa Assembleia Legislativa.

A escolha dos Presidentes da Assembleia, os dois (para o próximo quadriênio) de uma só vez, pode definir meio caminho das arrumações da política estadual, que precisam estar definidas até 2024.

A eleição do futuro Presidente da República é que vai definir essa eleição, a primeira de 2023, logo no começo do ano, com, apenas 24 eleitores, os nossos Deputados Estaduais.

TUDO ACERTADO

Vitorioso Lula, o quadro já estaria definido. A governadora Fátima Bezerra, minoritária no Legislativo, é quem daria as cartas, porque existe um acerto, que vogou nos últimos quatro anos, e que lhe permitiu governar sem oposição e se reeleger por WO.

Agora sacramentado pelo voto popular. Afinal de contas, a eleição foi ganha pela Chapa “Famarinho”, unindo a governadora Fátima e o senador eleito Rogério Marinho, de partidos opostos, com a chancela do atual Presidente da Assembleia, Ezequiel Ferreira de Souza, que está no comando do novo processo.

Ele cuida da própria sucessão que será definida em dois pleitos simultâneos: o Presidente do biênio 2023/2025 e o presidente do biênio 2024/2026 (o próprio Ezequiel). No primeiro mandato a tendência de Ezequiel é lançar o deputado Kleber Rodrigues, deixando o segundo mandato para ele próprio, em respeito a cláusula constitucional que proíbe a reeleição.

LIMITES DEPOIS DA VITÓRIA

Único político nordestino citado no Debate dos presidenciáveis (duas vezes pelo presidente Bolssonaro), Rogério Marinho não conversou quando procurado para falar sobre eleição da Assembleia, com integrantes do grupo que tenta articular uma oposição ao Governo petista de Fátima, alegando suas dificuldades pessoais depois dos compromissos que consolidaram sua vitória para o Senado, tida todo tempo como improvável.

Esse grupo que pretende estruturar a Oposição ao Governo Fátima está consciente que não será, com uma eventual vitória de Lula,  agora, que ela terá Oposição ao seu Governo no Legislativo, como não teve nos últimos quatro anos, quando começou só com seis Deputado Estaduais (agora o seu sistema político elegeu nove Deputados pelos partidos que votaram nela, contra 15 de votaram contra). Um quadro que só mudaria com outro resultado nacional.

Nas últimas 20 legislaturas, de 1946 para cá, mesmo na época em que o radicalismo era a marca da política potiguar, o Parlamento estadual sempre foi um oásis de entendimento e os nossos últimos governadores não tiveram o adicional de governar com minoria no Legislativo.

FORÇA LEGISLATIVA

No Governo dos Militares, o Ato Institucional número 2, que extinguiu os partidos políticos e implantou um bipartidarismo imposto, criou as bases para impedir a “eternização” dos presidentes das várias casas legislativas, estabelecendo um único mandato para Presidente de casa legislativa em cada legislatura.

A imaginação criadora dos nossos políticos, encontrou as brechas para contornar essa situação de fato, com a eleição simultâneas das mesas diretoras do legislativo, garantindo que o Presidente anterior estivesse no cargo na eleição para renovação de todos os mandatos.

É isto que está sendo decidido enquanto rola o segundo turno na eleição presidencial, inclusive com os novos arranjos partidários inevitáveis no meio de tantas mudanças institucionais, começando pelas lideranças maiores, exercidas por representantes de grupos político-familiares que dominaram a política estadual nos últimos anos e que foram substituídas dentro de um processo em marcha de fadiga de material.

QUEM TERÁ VEZ

Os principais grupos político familiares ficaram com seus principais nomes fora da mesa das negociações políticas.

E este é o alvo principal das articulações em marcha que vão sendo desenvolvidas. Mesmo os Alves tendo conseguido um lugar de Vice-governador para o atual deputado-federal Walter Alves, autor da jogada que deixou o pai fora por não ter conseguido se eleger deputado federal, estando, sem mandato nem cacife para entrar no jogo dos grandes.

Os Maia também estão sem mandato, embora o ex-senador José Agripino desponte numa outra frente como presidente estadual do partido União Brasil, enquanto os Rosado, que não elegeram ninguém na última eleição ficam fora.

A dúvida é quem vai ocupar o lugar deles, e a próxima eleição deve eleger os Prefeitos de Natal e Mossoró, quando deverão aparecer os novos nomes para o Governo. Daí a importância da eleição legislativa, que ultimamente ganhou importância além do seu próprio espaço.

A governadora Fátima, com a caneta cheia de tinta, tem lugar assegurado na mesa das negociações. Mas, e os outros? O próximo presidente da Assembleia, por todas essas razões, também deve ter seu lugar. Mas o retrato completo desse quadro, só em 2026.

 

 

 

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