27 de abril de 2024
CoronavírusMedicina

UMA PONTE PARA A MEDICINA

Antes da Operação ou “Doutor Pean ensinando no hospital de Saint-Louis” (1887) – Henri Gervex – Grand Palais, Museu Orsay, Paris

As mudanças que a pandemia trouxe para o trabalho médico estão agora sendo  reveladas.

Com as primeiras informações que chegavam dos países que iam sendo atingidos,  já se sabia quem seriam as vítimas  mais vulneráveis.

O ministro Mandetta, chegou a anunciar a intenção da convocação compulsória dos médicos aposentados.

O desastre da Lombardia, onde a ideia se concretizou, com os veteranos sendo  abatidos um após o outro, abortou o plano.

Houve um entendimento que a linha de frente mais avançada, deveria dispensar os mais velhos que 60 anos e os recém-saídos dos estágios de conclusão do curso,  com diplomas prematuros.

Entre os falecidos, um padrão quase repetido.

Aposentados dos empregos por tempo de serviço, cumprindo plantões em primeiros atendimentos e  múltiplos sub-empregos.

Quem reclamava de contracheques emagrecidos na dieta da pensão de alimentos, deixou órfãos na idade dos netos e jovens viúvas.

Os mais novos saíram da crise com experiência adquirida em unidades para pacientes críticos, de baixo desempenho e poucas altas,  comemoradas em cenas exibidas nos noticiários de TV.

Novas formas de trabalhar agora seguem em  andamento allegro ma non troppo.

Parte do trabalho em casa, permanece.

Nas reforma dos apartamentos, saem os quartos de hóspedes que nunca vêm, para dar lugar às novas estações de trabalho com monitores de incontáveis polegadas e velocidades medidas em unidades que ultrapassam a da luz.

Divãs já desapareceram das salas de terapia, para confissões mais profundas diante da tela desinibidora.

Pesquisas na Europa revelam que o trabalho médico, tornou-se mais extenuante e desanimador.

Salários e rendimentos rebaixados e o pessimismo com relação a melhorias a curto prazo, parado no alto do platô, estimulam greves  em série.

No Brasil, o mercado de trabalho está  prestes a  atingir o ponto de saturação.

As escolas médicas se multiplicam em progressão drogasil.

Com a extinção do Revalida, bacharéis em medicina se juntarão aos outros tantos concurseiros.

Com 386 mil habitantes e três faculdades de Medicina, Petrolina, no sertão pernambucano, no rescaldo da pandemia, ganhou  uma quarta.

Da prefeitura.

Quem não consegue uma vaguinha, pega  a ponte.

Enquanto não abrem uma no meio do Velho Chico, na Ilha do Fogo, a vizinha gemelar Juazeiro tem mais duas.

Rolla ou “O suicídio de uma cortesã” (1878) – Henri Gervex – Museu de Belas Artes de Bordeaux, França

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Ouça a música:

Luiz Gonzaga – Petrolina Juazeiro

(Texto baseado em notícia publicada neste TL em 28/06/21)

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