VACCINUM LEX
O mais superior de todos os tribunais entrou na bola dividida e passou a impor o ritmo do jogo.
Enquadrou todos.
Do inspetor de quarteirão ao general do esculápio, passando pelo capitão e demais estrelados do Palácio do Planalto.
Todos ficaram sabendo que temos juízes (que não vacilam) em Brasília.
A regra passada à unanimidade do colegiado mais vigiado do país, segue a doutrina do Prof. Arnaldo César Coelho.
É clara.
O nome do conjunto das normas aprovadas não poderia ser outro.
A lei ‘Tem pra todos mas está faltando’ já está em voga.
Se vai pegar, são outros parágrafos e incisos.
O recado foi direto, sem margens para elucubrações.
É bom já ir arregaçando as manguinhas. E se acostumando.
Mesmo com a obrigatoriedade sem exceções, fica ainda a dúvida sobre a permanência de outro dispositivo legal, um pouco mais antigo.
Será revogada a ‘Lei da oferta e da procura’?
É sabido que apesar das dúvidas do Ministro Pazuello se haverá demanda, não teremos 212 milhões de doses multiplicadas por dois, para que seja atingida a proteção total.
Ouvidos líderes dos partidos de esquerda, é nítida uma tendência.
Vão propor as picadas, sócia e igualmente divididas. .
Ficaria suspensa a segunda dose e se mesmo assim, não for atingido o número mínimo, o problema será de fácil solução.
O volume do líquido a ser administrado seria diminuído.
Na proporção do número de pessoas impedidas de decidir o que pode ser injetado nos seus próprios corpos.
Como os 11 poderosos tiraram os deles da reta das agulhas, sobrou para o poder executivo, a aplicação das medidas restritivas aos recalcitrantes.
Para não fugir da obrigação, o governo federal adotará duras reprimendas.
Como a de vedar o acesso à ponte Natal-Noronha aos não vacinados.
O governo popular estadual não terá dificuldades. É só proibir a entrada em suas muitas instituições que fomentam arte e cultura. Ninguém frequenta um teatro ou uma biblioteca para pegar doença.
Prefeituras do interior poderão estimular o comparecimento, com distribuição de prêmios.
Alguns, bastante previsíveis.
Extremoz, pode dividir seu patrimônio cultural, imaterial e intangível em saquinhos de dez unidades, e dar um a cada munícipe.
Os moradores de Lajes do Cabugi farão longas filas quando souberem que ganharão guarda-chuvas em reconhecimento à bravura.
Mossoró pode aproveitar a proximidade e o contêiner e trazer também da China, ventiladores de mão.
Vai ter gente em banda-de-lata, que nem presta, capaz de entupir a Praça do Codó.
Depois de vincular as entradas para shows de forró no Largo do Atheneu e Praça do Gringo, à atualização das cadernetas vacinais, a fila do drive tru municipal vai começar no Castelão, e o rabo, a perder de vista, só acaba pra depois do Nélio Dias.
A campanha tem um único ponto ainda não devidamente esclarecido.
Assunto a ser pacificado em definitivo na próxima reunião do comitê científico dos epidemiologistas do Alto Bujari-Curimataú.
A aceitação plena depende somente da resposta à pergunta que muitos gostariam de fazer:
–Pode ser na bunda?