26 de abril de 2024
EUZINHO!

Filho de Gandhy tem trama afetiva de Seleiro e Antônio Baiano

Bemglô_Foto João Sal_Geral

POR AUGUSTO BEZERRIL

@augustobezeril

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Começou de noite de domingo, já no finalizanho de novembro e quase chegando em dezembro: preparado o clima perfeito para se perguntar o que ando mesmo fazendo por aqui? Aliás, por aqui, por ali, por acolá. Semana passada, mais ou menos esta hora, estava em São Paulo. Primeira cobertura do Brasil Eco Fashion Week, realizado no Unibes. Depois de ouvir Marina Silva e Cristiane Torloni em painel sobre tema Florestania,com mediação de Yamês Reis, entendi que tinha um fio meada no meu processo profissional e pessoal. Lembei de uma palestra da atriz Lucélia Santos, então ativista e simpatizante do partido verde, há uns 30 anos, na Assembléia Legislativa do RN. Ela dizia sobre coisas do Santo Daime e eu me preparava para votar em Fernando Gabeira. O jornalista – uma das vozes que consigo acompanhar na gritaria atual – foi casado com Yamê. Ela que foi estilista da Cantão, grife que muito usei na adolescência. Eu tinha uma mochila sensacional. Era jeans com bolso aparente em veludo chocolate e o nome Cantão. Também tinha uma camiseta branca, pintada à mão, com imagem da Baía da Guanabara. A tal t-shirt ficaria bem com o preto-e-branco do surrado tênis Oskllen, que usei em São Paulo. Mas, nesta de todo mundo usar tênis, resolvei calçar uma sandália Jailson Marcos – designer potiguar radicado em Recife. Todo mundo perguntava de onde era a sandália. Umaa coisa que aprecio no nosso potiguar é de sempre  Jailson se apresentar como sapateiro. Eu me transporto no túnel do tempo e recordo da alegria do  trabalho de Seu Maneco – mestre do couro de Pedro Velho. Seu Maneco é pai de Antônio, casado com tia Graça e uma pessoa por quem tenho imensa admiração pelo amor ao trabalho e aos filhos. Em São Paulo, Antônio não era potiguar, nem Paraíba. Era Antônio Baiano. É, de certo, do Brasil.

Mais um fio faz desenho, pois, neste rewind, chego ao desfile da Amapò na SPFW, em homenagem paulistana ao mestre Espedito Seleiro. Estamos falando do nome mais internacional do Cariri. O trabalho do artesão cearense tem alegria dos ipês amarelos e do céu do interior do Ceará. E deve causar igual encantamento, em 2020, em exposição na cinza Londres. Presente, passado e futuro criam uma vontade que exista uma maquininha cyber que possamos estar  em tempos e lugares diferentes em fração de segundos. Onde eu gostaria de estar agora? Exatamente onde estou. Confesso que, dos lugares do planeta considerados destinos turísticos, a Bahia é um lugar que sempre me acompanha. Se não tem axé, dá licença….  Brincadeira. Acredito que há sempre axé, mas falta sal ou pimenta em algumas tentativas de baianidade. Li crítica neste sentido sobre o álbum Bloco do Silva. Quer saber? Eu gostei. Achei-me na Praia do Porto da Barra ao ouvir. Creio que basta se deixar levar. A coisa flui.  Letícia Letrux, autora da trilha da grife Ahlma no Brasil Eco Fashion Week, me transportou aos anos 80 e 90. Também para o amanhã. Ela diva sustentável. Fala de coisas de economia criativa, afetiva. Curte brechó, que tem o poder nos levar sempre, através da roupa, em algum lugar do passado. O lugar pode ser imaginário. Então, por vezes, me sinto baiano. Se afoxé é levar um axé, um pesamento positivo, o propósito do que vejo em jornalismo, moda, estilo, design está no impacto de luminosidade. Como se escrito fosse por um filho de Gandhi. Salvador,  Ajayô!

Na imagens, garimpo de peças por Gloria Pires e Betty Prado para Bemglô – um dos destaques do Brasil Eco Fashion Week.

Foto ABZ Imagens

 

 

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