26 de abril de 2024
Coronavírus

O REMÉDIO DO ANO

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Desde que um comprimido azul em forma de losango foi aprovado, nenhum medicamento fez tanto sucesso e gerou tanta polêmica.

Para conquistar fama, o  campeoníssimo não precisou de campanha publicitária.

Informação boca-a-boca, testemunhos, reportagens e a prescrição médica, bastaram.

Ganhou o mundo numa incrível distribuição, sem logística planejada.

Foi motivo para debates e pauta da imprensa, antes mesmo da explosão das redes sociais.

Além de muita chacota, motivo de pilhérias e piadas, gerou receios,  até quebrar tabus.

Com público-alvo somente masculino, interessava às mulheres, o que explica o sucesso pansexual.

Foi durante muitos anos, o tempo da patente pela proteção intelectual da marca, o medicamento mais prescrito de todos. O mais consumido. E o mais falsificado.

Com a chegada da pandemia, concedidos os devidos descontos, outro fármaco atinge semelhante patamar.

Para tratar doença desconhecida que logo se mostrou muito diferente das que podiam ser consideradas  similares, valia tudo.

Quando se notou que não fazer nada, que esperar a cura espontânea ou a evolução para casos dramáticos, não era tratamento, começaram a ser testadas drogas para todo gosto e raciocínio clínico.

Das mezinhas caseiras aos mais modernos (e caros) imunobiológicos.

O apadrinhamento por mandatários, a partidarização e o descrédito pelos cientistas ávidos por evidências, desencadearam uma guerra que só terá armistício com uma vacina segura e eficaz.

A classificação da doença em fases bem definidas, levou clínicos atuantes nas linhas de frente a observarem resultados, e mesmo sem os rigores dos ensaios duplo-cegos, passaram a acreditar no feeling.

E no tratamento precoce, aos primeiros sintomas, para mudar curso e desfecho.

Fazendo parte da lista de medicamentos essenciais da Organização Mundial da Saúde e com selo de segurança conferido pelo abrangente uso, incluído o veterinário, um vermífugo usado há 50 anos, despontou para a glória. Ou desgraça.

Sem apoio da academia, uso desaconselhado por entidades médicas e  mídia negativa, o raciocínio popular prevaleceu.

Se não fizer bem, mal não fará.

Em poucos lugares, recebeu patrocínio governamental.

O baixo custo ajudou a popularidade.

A Ivermectina chega à encruzilhada crucial.

A segunda onda de contaminação motiva os incrédulos a questionarem sua capacidade de impedir a propagação dos contágios, como se vacina fosse.

Os adeptos, agora respaldado por trabalhos da Ciência, argumentam que apesar do crescente número de infectados, os casos não evoluem para mais graves, permitindo tratamentos em domicílio.

De uma ou outra forma,  não há dúvida qual é o remédio do ano.

Quem haveria de imaginar, em 2020?

22 anos depois do Viagra, um mata-piolhos.

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