OTONIEL MAIA REDIVIVO
Apresentador de programas policiais, Otoniel Maia emprestou seu talento a quase todas emissoras de rádio de Mossoró.
Quando migrou para a telinha, alcançou ainda mais sucesso.
Pedra de Abelha foi o berço que o manteve embalado em mandatos de vereador e ações comunitárias.
O país de Mossoró, o resto do seu universo.
Autointitulado “Boca de Caieira” era frequentador habitual do bate-papo na sala dos médicos, trazendo (e levando) notícias quentes, no mais politizado hospital do nordeste oriental.
Quando os assuntos partidários permitiam, virava conselheiro sentimental.
Aos mais jovens, recomendava, para a longevidade matrimonial, duas famílias. Equânimes e harmônicas.
De preferência, em dois bairros distantes, um do outro.
Com regra clara: a parceira mal humorada e enxaquecosa perde a vez, na escala noturna tacitamente aceita por ambas.
Quando a grade da programação requeria, não se recusava a apresentar músicas românticas.
Caprichando na voz aveludada e atencioso aos pedidos de belas páginas musicais, conquistou uma legião de fãs.
Algumas delas, insistiam em manter contato físico. Por estratégia de marketing pessoal, não permitia que funcionários da emissora o identificassem. Arranjava sempre um jeito de escapar do assédio.
Uma tiete mais insistente e cheia de amor platônico para dar, ficou de tocaia ao pé da escada, por vários dias seguidos. Não tinha mais como despistá-la.
Resolveu revelar, somente a ela, sua identidade mais ou menos escondida.
Ao se apresentar, recebeu de volta toda a decepção que cabia numa admiradora secreta.
E sonora:
E eu acreditando que era o moreninho de olhos lilases…
(Publicação original em 18/5/2019)
Os “textículos” do novo cronista me obrigam à agradavel
leitura matinal.
Gosto que me enrrosco.
.