26 de abril de 2024
Coronavírus

SILÊNCIO, POR FAVOR

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Há um ano o Presidente Bolsonaro, aproveitou as festividades do dia da pátria para tentar  melhorar a imagem do seu governo, na época, em baixa comprovada por todas as pesquisas.

Esteve cercado dos ministros mais populares, do mais longevo artista da televisão e de líderes pentecostais.

O Ministro Guedes continua perseguindo as reformas e fazendo previsões otimistas para uma economia destroçada.

Moro não resistiu à fritura e encolheu.

O deputado figurante, virou ministro.

O craque da bola continua ausente, na reserva.

Os guias espirituais, em recesso compulsório, fazem as renovações do batismo, esquecidas.

Sem desfiles nem pompas ou festas, a data foi comemorada como nunca antes neste país.

Em ensurdecedor silêncio, um passeio com a petizada no Rolls Royce, só quebrado pelo cerimonioso discurso burocrático lido no teleprompter, na hora da novela.

Entre cloroquinas e transgressões às regras do distanciamento e mesmo com mais de 130 mil mortes a carpir, os índices de aprovação do governo nunca estiveram tão altos.

O que não se resolve com seiscentos reais no bolso e um chapéu de couro na cabeça?

          (Publicação original em 09/09/2019)


CALADO, É UM PRESIDENTE

Na idade que não pede pressa, as coisas mais simples e essenciais são as que importam.

Quem demonstra isso com clareza são os netos. E a convivência, mesmo silenciosa, com eles.

Surpreendente como são capazes de mostrar saídas para imensos problemas, aparentemente sem soluções.

Até mesmo casos perdidos, com os dias contados, fadados ao fracasso, impeachment ou interdição.

O que é declamado em versos e constatado pelos índices de desaprovação dos institutos de pesquisa, tem jeito.

O que faz o avô quando,  já que não tem programa para o sábado à noite?

Depois de esgotadas as estórias e as guloseimas proibidas aos e pelos filhos, a velha e deseducadora TV.

Nas primeiras cochiladas de ambos, e para induzir o reparador sono, foi que inventaram a função mudo.

Eureca!

Coisa tão simples pode estabilizar o mercado de capitais, resolver conflitos internacionais, agilizar as reformas e ser o start point da retomada do crescimento econômico.

Ver o desempenho do nosso loquaz presidente, sem o som, é de causar arrepios, emoções e espanto.

O homem gesticula com a maestria de quem é iniciado na língua de sinais.

Caminha na cadência ritmada de marcha militar, passando a sensação  de segurança que todos necessitam.

Toma atitudes inesperadas, fora do protocolo, com grande simbologia.

Vai pra galera de peito aberto, e mesmo sem o áudio , ouve-se alto, o ensurdecedor grito de guerra.

Mito. Mito.

Não beija as criancinhas como qualquer candidato a vereador. Sabe fazer diferente. Parece dialogar de igual para igual com elas.

Posiciona-se naturalmente entre os militares, demonstrando estar acostumado e ser fiel à hierarquia. E de ter a cabeça no lugar, abaixo do quépi.

Acompanhado dos ministros mais populares, passa a ideia de total controle sobre a máquina administrativa.

Ao seu lado, Guedes, com aquele aspecto de quem não dorme há meses, transmite a certeza  que as finanças vão entrar nos eixos. Sem maiores cortes, aumento de impostos nem arrocho salarial.

Ombreado com ele, Moro não dá a menor pinta de que esteja arrependido das trocas que fez para ser ministro, fritado em carta branca.

Até sorri.

Entre religiosos pentecostais, nada a perder.

Garantido o apoio de quem é forjado na fogueira santa e ungido pelas águas do Jordão.

Mil palavras não descrevem a homenagem à imprensa representada pelo sorriso largo do ‘seu’ Silvio, família e genro.

Até a ausência do Pato foi eloquente. Alguém, preparado técnica e fisicamente, tem que se concentrar, focar no adversário e atingir a meta.

O silêncio presidencial no dia 7  emudeceu as oposições. Não foram mais ouvidas palavras de ordens nem as de sempre, livre.

Tudo pode ser bem diferente daqui pra frente.

Basta que as emissoras de televisão adotem técnicas de cinema mudo nos seus noticiosos.

A cada aparição bolsomínia, microfones recolhidos. Nada de sonoras. Para aumento da percepção de dinamismo, as imagens serão apresentadas ao fundo musical de Tico-tico no Fubá.

E antes que a Venezuela seja aqui, ainda é tempo de repetir o conselho real:

  ¿Por qué no te callas?

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