Um veraneio com menos morzão e mais contatinhos

 

Verão veraneio é sempre tempo de surgir modismos que terminam com as ondas do Carnaval.

Quando já não somos surfistas dessas ondas, parece que elas não existem mais.

Ledo engano.

Outro dia, numa dessas idas e vindas ao veraneio picotado em finais de semana , o filho mais velho pede para compartilhar sua play list com os demais tripulantes do carro.

– Claro, meu filho, pode colocar . Diz a mãe resignada a ouvir 40 minutos de música de gosto um tanto  duvidoso.

Mas, vocês sabe, começo de ano, a gente tenta ser alguém melhor, mais paciente, mais tolerante, enxergado o lado bom de tudo, de todos, das coisas, seres, coisas, móveis e semoventes.

Que venham os Gustavos Limas, Safadões, Xands a companhia limitada.

Leve refrega sobre o volume; o que escolhe não se contenta em ouvir num tom aceitável aos tímpanos menos receptivos. A que repudia não se propõe a aceitar em algo audível .

Enfim, tá bom no 20? Sim, vai ficar no 20 então.

E segue a turma tentando apreciar a lista de hits.

Uma chamou mais atenção por ter poucas estrofes, como de costume, e um daqueles refrões chiclete.

Tanto que me moveu a compartilhar as mal traçadas aqui com vocês.

– Não quero ser amorzão, quero ser contatinho…

Uau! A mãe aproveita a deixa para ingressar na vida amorosa do rebento:

-E aí, meu filho você faz parte do rol dos moZÃO ou dos contatinhos?

– Do contatinho, lógico, MÃE!

– Mas você não acha um tanto pejorativo se contentar com um INHO desses. Ainda mais um simples contato. Muito melhor ser ÃO, um amor zão, o melhor em maior intensidade.

Veja bem, até o cantor é ÃO, é Safadão…

– Que conversa, mãe. Nada a ver. isso devia ser no seu tempo…

Silêncio sepulcral.

– E a próxima música?

– Não vai ter.

– Por quê?

– Achei melhor desligar.

Moral da história; se você quer ser o morzão de seu filho sem perder o menor contatinho com ele, relaxe e … goste.

Gozar de gozação, não. Você pode ficar falando sozinho.