26 de abril de 2024
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HOSPEDAR É PRECISO

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De todas as restrições impostas pela pandemia, as viagens têm sido das primeiras a serem retomadas.

Por enquanto, somente as menores, por poucos dias, um fim-de-semana.  Por perto, antes da inevitável revoada quando melhor tempo fizer.

É a vez dos pequenos hotéis, pousadas e lugares que lembrem uma vida mais simples e tranquila.

Sem esquecer que sempre haverá Paris.


(Publicação original em 12/09/2019)


PORTA DA FRENTE

Por décadas foi a principal entrada do estado. Tal mangueira, era também nossa estação primeira.

Estradas precárias, poucos navios e trânsito aéreo incipiente, faziam dos trens da Great Western Railways, o meio de transporte mais  acessível,  quando não, único.

Do Recife a Natal, via João Pessoa, tudo e todos passavam e  davam uma paradinha .                         

Para a feira, a festa, e as lágrimas, na mesma plataforma da chegada e da partida.

O progresso, no ritmo das  maria-fumaças, atraia quem estava à procura de trabalho e oportunidades para  empreender. Uma nova fronteira. Para a Califórnia, faltava o ouro.

Com tantos negociantes e caixeiro-viajantes,  a cidade em ebulição já comportava um concorrente para o famoso e consolidado Nova Cruz Hotel.

Com poucas adaptações, a ampla casa na beira da linha era ideal para a Hospedaria N. Sra. da Conceição. Homenagem à padroeira  ou a ser batizada com algum outro santo onomástico.

As negociações com o proprietário do imóvel incluíram uma inusitada  exigência, cláusula irremovível do contrato verbal, avalizado por fio de bigode.

O locador batizaria o empreendimento.                Disso não abriria mão e não tinha acordo.

Esperança que pudesse surgir um bom nome.     

Convidativo, Boas Vindas. Impressionante, Grand Hotel. Regional, Agreste. Local, Curimataú.                      

O locatário foi surpreendido com  palavra que nunca tinha ouvido, visto nem tampouco sabia o significado.

Ninguém entendeu. Nem gostou, de tão estranho.

O tempo cuidaria e o  letreiro quando desbotado no frontispício, cairia no esquecimento.

Contrariando todas as previsões,  o nome pegou.

Por mais de 50 anos, Bita & Deoclécio formaram o casal 20 da hotelaria de Nova Cruz.

Juba, o primogênito, professor aposentado, mantém a tradição familiar e o mesmo nome, Cosmopolita, no restaurante onde serve culinária e lembranças deliciosas, na Av. Assis Chateaubriand.

Mas isso é outro nome.

E outra estória.

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Família Bita e Deoclécio Nunes

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