15 de maio de 2024
Turismo

Empresários de Porto de Galinhas lutam contra a instalação de hotéis em terreno público; entenda a questão

Porto de Galinhas é o principal destino turístico de Pernambuco
Porto de Galinhas é o principal destino turístico de Pernambuco

A Associação Brasileira da Indústria de Hotéis – ABIH Nacional, juntamente com a ABIH PE e representantes do trade turístico de Pernambuco, se posicionaram contrários à instalação de um enorme complexo turístico no terreno conhecido como a Casa do Governador, localizado em Porto de Galinhas, no litoral sul de Pernambuco. O projeto prevê a construção de dois hotéis com cerca de mil unidades habitacionais, além de flats e unidades de lazer, numa propriedade de 70 hectares, cuja posse é do Estado e da União.

Desde 2001, o assunto vem sendo discutido pelo trade turístico e a comunidade de Porto de Galinhas, que são unânimes em afirmar que o projeto é inadequado para a região. Em 2006, quando o grupo português Teixeira Duarte adquiriu o terreno, através de leilão, os problemas passaram a envolver diversas questões judiciais. Hoje, após muitos embargos na Justiça, o posicionamento dos representantes do trade no balneário continua o mesmo. Para o presidente da ABIH Nacional, Manoel Linhares, a região já oferece cinco mil leitos, em mais de 20 hotéis e 200 pousadas, e o ideal seria usar o espaço com outras finalidades.

“Porto de Galinhas é hoje um case mundial que vem sendo trabalhado há mais de 30 anos quase que exclusivamente pela hotelaria e empreendedores do turismo local. Hoje, recebe um milhão de turistas por ano, sendo que 70% nacional e 30% estrangeiros, que permanecem em média uma semana no destino. O governo do estado poderia, por exemplo, criar um centro de lazer com diferentes equipamentos turísticos para aumentar as opções de entretenimento e, consequentemente, o tempo de permanência do viajante no destino”, ressalta Linhares.

O item que causa maior polêmica é a área destinada para implantação de flats e condomínios. “Esse tipo de empreendimento é de extremo risco, pois gera diversos problemas aos destinos turísticos, como a super oferta de leitos e o não recolhimento de tributos ao município. A instalação de flats, num local que deve ser utilizado com o viés do desenvolvimento sustentável, certamente irá descompensar o equilíbrio da indústria hoteleira”, explica Otaviano Maroja, vice-presidente do Porto de Galinhas Convention and Visitors Bureau. Para ele, o balneário necessita de atrativos turísticos e de um centro que suporte tal demanda. “A área poderia ser utilizada para expansão da Vila, que hoje se encontra congestionada”.

Os representantes do setor de turismo destacam que a atual infraestrutura da região é outro impasse para o desenvolvimento de um empreendimento de tamanho porte. “Porto de Galinhas oferece belíssimas praias, ótimos restaurantes, hotéis de alta qualidade, mas ainda temos dificuldade com saneamento básico, limpeza urbana, vias de acesso, segurança e iluminação pública. São diversos gargalos e tudo pode ficar ainda mais sério com a construção de um espaço que vai aumentar ainda mais o número de leitos na região. É muito importante que haja o debate aberto entre o poder público, as entidades de classe e a iniciativa privada, de forma que possamos encontrar a melhor solução para uso da área”, afirma Artur Maroja, presidente da ABIH/PE.